A perspectiva mundial de crescimento da população humana prevê que em 2030 chegaremos à marca de 8,5 bilhões de pessoas em todo o mundo. Essa previsão e outras estão no relatório “Perspectivas da População Mundial: A Revisão de 2015” que foi disponibilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Diante de tais números, como é possível entender melhor este cenário do ponto de vista econômico especialmente nos avanços biotecnológico para o agronegócio?
O principal é analisar e compreender as tendências e perspectivas que ocorrerão, preparar-se para as mudanças e projetar inovações nos vários setores da economia.
A economia é dividida em três setores:
– Primário: está relacionado à produção por meio da exploração de recursos da natureza, como a agricultura e a mineração.
– Secundário: transforma as matérias-primas em produtos industrializados.
– Terciário: relacionado aos serviços, os quais são produtos não materiais que pessoas ou empresas prestam a terceiros para satisfazer determinadas necessidades.
O setor primário, a economia e suas contribuições.
A agricultura é a principal atividade do setor primário e tem papel relevante na economia: no terceiro trimestre de 2018, representou 4,2% do PIB brasileiro. O destaque da agricultura no cenário econômico se dá principalmente pela competitividade do agronegócio brasileiro, com base na inovação e na alta tecnologia, que enfatiza a Biotecnologia aliada à qualidade dos processos na cadeia produtiva. Para chegar a este patamar, o agronegócio tem investido em toda a cadeia produtiva, envolvendo profissionais qualificados e contando com o apoio das mais diversas áreas de estudo.
De onde vêm os profissionais do agronegócio e como atuam?
Em sua maioria, os profissionais que integram o setor agropecuário vêm basicamente das Ciências Agrárias. Estes profissionais possuem papel importante no setor, pois planejam, auxiliam e executam melhorias nos sistemas de produção, desenvolvendo tecnologias que proporcionam aumento da produtividade, redução de custos, inovações, melhorias na qualidade dos alimentos e utilização de práticas agrícolas mais sustentáveis para o ecossistema.
Pesquisas: qual seu papel na expansão do agronegócio?
A principal contribuição da pesquisa para a expansão do agronegócio foi o aumento da produção da agricultura e da pecuária. A produção de grãos, por exemplo, vem crescendo a taxas anuais médias elevadas e esse aumento se deve quase que exclusivamente ao aumento da produtividade, elevando a competitividade do Brasil frente aos demais países.
Atualmente, a engenharia genética não mais se limita à criação de plantas geneticamente modificadas (PGM) para o controle de pragas e doenças por meio de inserção de genes que lhes conferem resistência/tolerância: ela visa a utilizar o conhecimento científico a favor de uma agricultura competitiva e sustentável.
Na década de 1990, ganhou destaque no cenário da genética a descoberta da molécula de RNA de interferência (RNAi) e sua função na regulação da expressão gênica. RNAs de interferência (RNAi ou siRNA), são responsáveis por um mecanismo que pode levar ao silenciamento gênico, ou seja, inibir a função de genes virais . Esta técnica foi utilizada em plantas de feijão geneticamente modificadas resistentes ao vírus do mosaico dourado, desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Novos usos de RNAi têm sido testados com sucesso e a tecnologia tem potencial de ser utilizada em todo o agronegócio, trazendo inovações que podem alterar completamente o paradigma atual de controle de pragas e doenças em plantas.
Ainda, é importante destacar a recente descoberta da edição de genes, que abrange diferentes mecanismos, como o CRISPR, vislumbrando-se assim uma revolução que produzirá transformações profundas na indústria de biotecnologia agrícola, principalmente por seu impacto em processos regulatórios.
Investimentos em Pesquisas no Brasil.
Em termos científicos e tecnológicos, o Brasil é considerado um dos poucos centros de pesquisa agrícola entre os países em desenvolvimento. Uma característica importante dos projetos de pesquisa brasileiros envolvendo biotecnologia é o número amplo de instituições envolvidas quanto o número de espécies vegetais escolhidas como objeto de investigação. A Fundecitrus, juntamente com agências financiadoras de pesquisa (FAPESP, CNPq e FINEP), alcançou resultados notáveis com os Projetos Genoma da Xylella fastidiosa e Xanthomonas axonopodis pv. citri, as bactérias que causam duas das doenças mais graves que afetam a citricultura, respectivamente: a Clorose Variegada dos Citros, ou doença do amarelinho, e o cancro cítrico.
As Américas formam o maior mercado global de inovação da biotecnologia vegetal, particularmente PGM. 85% dos cultivos globais de PGM estão concentrados neste continente período compreendido (2010-2016), com destaque para EUA (39%), Brasil (27%), Argentina (13%) e Canadá (6%). Fonte: BMI Research (2017).
Assim, o investimento na pesquisa dessas tecnologias é e continuará sendo crucial para o Brasil, que não apenas se destaca como um grande player do agronegócio mundial, mas também um grande detentor de biodiversidade.
Estar atento aos desafios tecnológicos do agronegócio é criar oportunidades. Qual será seu desafio ou sua pesquisa?