Nobel

O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, chamado comumente de “Nobel de Medicina”, criado por Alfred Nobel em 1895, é utilizado para premiar descobertas do ano anterior a premiação na área biológica e na área médica. Embora o título pareça um pouco restrito, na época o termo “fisiologia” foi usado para descrever o que conhecemos atualmente como os numerosos campos biológicos (genética, biologia celular, molecular, etc). Ao longo de todos esses anos, 188 trabalhos foram premiados em distintos campos da biologia e medicina.

Hoje traremos uma lista com as 5 primeiras descobertas que ganharam um Nobel e estão relacionadas a Biologia Molecular, que, ao contrário do que alguns pensam, não é um campo tão novo quanto parece ser. Confira abaixo:

1. 1910 – Substâncias nucleicas


Geheimrat Albrecht Kossel
ganhou o prêmio Nobel de 1910 “em reconhecimento das contribuições ao nosso conhecimento da química celular feito através de seu trabalho sobre proteínas, incluindo as substâncias nucleicas”. Em outras palavras, o professor Kossel fez um extenso e importante estudo sobre proteínas celulares, tendo definido as cinco bases nitrogenadas e atribuído função biológica aos ácidos nucleicos. Embora não tenha sido muito esclarecedor, o trabalho foi um grande avanço para a época e abriu portas para o conhecimento atual do código genético.

2. 1958 – Regulação de eventos químicos (gene-proteína)

Em 1958, George Wells Beadle e Edward Lawrie Tatum ganharam o Nobel “pela descoberta de que os genes agem regulando eventos químicos definidos” e o dividiram com Joshua Lederberg “por suas descobertas sobre a recombinação genética e a organização do material genético das bactérias”.

Beadle e Tatum conseguiram demonstrar que as substâncias do corpo são sintetizadas “passo a passo” por reações químicas e que os genes controlam esses processos regulando individualmente etapas definidas na cadeia de síntese.

Lederberg chegou ao laboratório de Tatum bem jovem, e a partir do desenvolvimento de seus trabalhos, descobriu que diferentes estirpes bacterianas poderiam ser cruzadas para produzir uma prole com uma nova combinação de fatores genéticos.

3. 1959 – Síntese de DNA

Ochoa e Kornberg dividiram o prêmio de 1959 “pela descoberta dos mecanismos envolvidos na síntese biológica de ácido ribonucleico e ácido desoxirribonucleico”.

As pesquisas foram realizadas de forma independente, em laboratórios distintos. Enquanto Ochoa investigava como eram produzidos os ácidos ribonucleicos utilizando como modelo uma bactéria produtora de ácido acético, Kornberg buscava entender a formação de ácidos desoxirribonucleicos utilizando Escherichia coli. Em ambos foram encontrados resultados semelhantes, sendo que a união destas descobertas nos possibilitou o desenvolvimento de técnicas para a síntese in vitro de ácidos nucleicos.

4. 1962 – Estrutura de ácidos nucleicos

Um dos prêmios mais famosos da biologia foi dado em 1962 a Francis Crick, James Watson e Maurice Wilkins “por suas descobertas sobre a estrutura molecular de ácidos nucleicos e sua importância para a transferência de informação em material vivo”. Essa descoberta abriu as portas para a compreensão da estrutura do material genético e dos detalhes necessários para a “configuração molecular” do organismo. Além disso, impulsionou pesquisas diversas na área da genética, instigando o desenvolvimento de tecnologias capazes de desvendar o código, o que nos levou aos projetos de sequenciamento, a partir dos quais, atualmente, podemos fazer inúmeras coisas, desde estudar detalhadamente organismos simples até desenvolver terapias gênicas direcionadas para determinado indivíduo.

5. 1968 – Interpretação do código genético

O Nobel de 1968 foi concedido a Robert W. Holley, Har Gobind Khorana e Marshall W. Nirenberg “pela sua interpretação do código genético e sua função na síntese protéica” .

Tudo começou com o trabalho de Nirenberg que, a partir da síntese de uma cadeia nucleica formada por uma base repetida inúmeras vezes, conseguiu desenvolver uma forma de “desvendar o DNA”, como se estivesse comparando a estrutura de um ácido nucleico com a de uma proteína correspondente, base a base. Com o auxílio de Khorana para sintetizar ácidos nucleicos mais fidedignos, foi possível corroborar o achado anterior, mas ainda não sabia-se como esse código era traduzido.

Essa última pergunta foi respondida por Holley, que descreveu a existência de um RNA de transferência (tRNA), e inferiu a sua capacidade de “traduzir” o código genético” para uma sequência proteica, tendo conseguido estabelecer um tRNA com estrutura química exata.  

Com todos esses avanços, a Biologia Molecular veio surgindo a passos curtos, mas a partir da década de 70, onde agora já se sabia o que são os ácidos nucleicos, como são sintetizados, sua estrutura e função, os avanços dispararam a uma velocidade imensa, de forma que hoje, quase 50 anos depois do último prêmio mencionado, essa é uma das áreas mais estudadas e com maior investimento do campo das ciências biológicas.

Gostaria de saber mais sobre os trabalhos que ganharam o Nobel e como contribuíram para a ciência atual? Comente abaixo para sabermos sua opinião!

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