Os brasileiros, de um modo geral, confiam na ciência e nos cientistas, de acordo com pesquisas de 2015 e de 2019 sobre percepção da sociedade em relação à ciência. Mas são poucos os brasileiros que sabem dizer o nome de um cientista brasileiro e de um instituto de pesquisa tupiniquim. Pensando em ajudar a mudar essa situação, o Profissão Biotec criou o projeto “Perfil de Pesquisadores Brasileiros” para apresentar pesquisadores que fazem ciência de ponta (e em biotecnologia) em nosso país!
Conheça no perfil de hoje a pesquisadora Drª Denise Pires de Carvalho, a primeira mulher a ocupar o cargo máximo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a maior universidade federal do país e a terceira melhor universidade da América Latina, instituição que completa 100 anos em 2020.
Drª Denise Pires de Carvalho – Do laboratório à reitoria da maior Universidade Federal do Brasil
A trajetória da Dra Denise Pires de Carvalho está intimamente ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi nessa universidade que ela se formou em medicina e obteve os títulos de mestre e doutora. Adquiriu grande experiência em gestão universitária e em sociedades científicas nacionais e internacionais. Foi Diretora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF-UFRJ) (2010-2013), Coordenadora Acadêmica da Pró-reitoria de Graduação da UFRJ, Coordenadora de Graduação (1998-1999) e de Pós-graduação (2001-2005) e vice-diretora do Instituto de Biofísica da UFRJ (2007-2010). Atualmente é reitora desta Universidade, sendo a primeira mulher a ocupar esse cargo.
Vamos conhecer um pouco mais sobre essa importante pesquisadora brasileira!
Profissão Biotec: Qual é a sua formação acadêmica e cargo atual?
Denise Pires de Carvalho: Médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com mestrado em Ciências Biológicas -Biofísica e doutorado em Ciências, ambos pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF-UFRJ). Pós-doutorado no Hôpital de Bicêtre, Unité Tiroïde, em Paris e na Universitá Degli Studi di Napoli, em Nápoles. É professora titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (UFRJ) e Livre Docente em Fisiologia e Biofísica pela Universidade de São Paulo (USP). Docente nos cursos de Graduação da área da Saúde e nos Programas de Pós-graduação em Medicina (Endocrinologia) e Ciências Biológicas (Fisiologia) da UFRJ. Atualmente, reitora da UFRJ (gestão 2019-2023).
PB: Em que profissional se inspirou para seguir essa carreira?
DPC: Para a carreira científica, em Carlos Chagas Filho [filho de um dos maiores cientistas brasileiros, o Dr Carlos Chagas. Foi médico, professor, cientista e fundador do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) na Universidade Federal do Rio de Janeiro].
PB: Qual é seu livro de cabeceira, série ou filme favoritos?
DPC: Livro: Mundo de Sofia, Série: The Big Bang Theory, Filme: Star Wars
PB: Qual é a sua principal área de pesquisa?
DPC: Trabalho com as doenças da tireóide, como nódulos e câncer. Também me interesso pelo ganho de massa corporal que ocorre após a menopausa.
A Dra Denise coordena diferentes projetos de pesquisa sobre desreguladores endócrinos, mecanismos de carcinogênese tireóidea e controle da massa corporal e ingestão alimentar pelos hormônios tireóideos e estradiol. Publicou mais de 150 trabalhos indexados e proferiu mais de 50 conferências no Brasil e no exterior. Atualmente, é revisora de mais de 20 revistas científicas internacionais.
PB: Por que você escolheu esse tema de pesquisa?
DPC: Desde o início do meu estágio de iniciação científica sempre estive envolvida com Fisiologia Endócrina, minha matéria preferida durante o curso médico.
PB: Onde você vê sua pesquisa nos próximos 5 anos?
DPC: Nos próximos 5 anos pretendemos avançar o conhecimento na área de carcinomas de tireóide.
A Dra Denise já recebeu mais de 40 títulos e prêmios ao longo de sua carreira, entre eles o Prêmio Sênior da Sociedade Latinoamericana de Tireóide em 2010 e o Prêmio Faz Diferença – Saúde 2011 do Jornal O GLOBO.
PB: Como você se sente em relação à ciência brasileira?
DPC: Tenho contribuído bastante com a formação de inúmeros mestres e doutores, além de ter produção científica em nível internacional.
Até o momento, a Dra Denise já participou de mais de 70 orientações de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.
PB: Quais as dificuldades de fazer pesquisa no Brasil?
DPC: As principais dificuldades são: muita burocracia e pouco financiamento.
PB: Você realiza atividades de extensão ou divulgação científica? Quais?
DPC: Sim. Participo de mais de um projeto, como o “Conhecendo a Biofísica” [Projeto onde alunos de ensino fundamental e médio visitam o Espaço Memorial Carlos Chagas Filho e os Laboratórios do IBCCF-UFRJ] e o “UFRJ Doa uma Aula” [Projeto de extensão onde um cardápio de aulas e demonstrações práticas é oferecido às Escolas Públicas do Estado do Rio de Janeiro. Após a escolha da atividade, os docentes da UFRJ vão à Escola e ocorre a troca entre os Ensinos Fundamental ou Médio e o Ensino Superior].
PB: Como a universidade está enfrentando a pandemia da COVID-19?
DPC: Com muita seriedade e comprometimento. Realizamos mais de 15000 testes moleculares, atendemos mais de 500 casos COVID-19, desenvolvemos um novo ventilador mecânico mais barato e um novo teste sorológico mais específico e mais barato do que os comerciais. Também produzimos mais de 70.000L de álcool.
PB: Na sua opinião, além de pesquisas sobre vacinas e medicamentos, como a ciência pode contribuir em um momento de pandemia como esse?
DPC: Produzindo novos testes de diagnósticos, novos aparelhos hospitalares, avaliação de risco, biossegurança…
Para conhecer mais sobre a nossa ciência, continue acompanhando o quadro “Perfil de Pesquisadores Brasileiros” do Profissão Biotec! Confira também os infográficos desse quadro e mande para seus amigos! Ah, acompanhe nossas redes sociais para não perder nenhuma entrevista! Facebook / LinkedIn / Instagram.
Entrevista realizada por: Bruna Lopes