Na série Perfil de Pesquisadores Brasileiros, o Profissão Biotec entrevista renomados cientistas brasileiros. Neste post, conheça a Dra. Patricia Verardi Abdelnur : desenvolvendo novas tecnologias para a produção de biocombustíveis e aproveitamento de resíduos e coprodutos utilizando espectrometria de massas.

Os brasileiros, de um modo geral, confiam na ciência e nos cientistas, de acordo com  pesquisas de 2015 e de 2019 sobre percepção da sociedade em relação à ciência. Mas são poucos os brasileiros que sabem dizer o nome de um cientista brasileiro e de um instituto de pesquisa tupiniquim. Pensando em ajudar a mudar essa situação, o Profissão Biotec criou o projeto Perfil de Pesquisadores Brasileiros para apresentar pesquisadores que fazem ciência de ponta (e em biotecnologia) em nosso país! Conheça no perfil de hoje a pesquisadora  Dra. Patrícia Verardi Abdelnur.

Dra. Patrícia Verardi Abdelnur: desenvolvendo novas tecnologias para a produção de biocombustíveis e aproveitamento de resíduos e coprodutos utilizando espectrometria de massas 

Dra. Patrícia Verardi Abdelnur atualmente é  pesquisadora da Embrapa Agroenergia e docente de pós-graduação na Universidade Federal de Goiás (UFG). Desde a pós-graduação trabalha com espectrometria de massas, e hoje aplica esta técnica analítica em pesquisas para melhorar a produção de energia renovável (biocombustíveis), para o aproveitamento de resíduos e coprodutos, e na bioprospecção de novos compostos de alto valor agregado.  Também coordena a Unidade EMBRAPII de “Bioquímica de Renováveis: Enzimas e Microrganismos” da Embrapa Agroenergia, onde prospecta parceiros da iniciativa privada para realização de  pesquisas nesta área. Vamos conhecer um pouco mais do trabalho e da trajetória dessa pesquisadora brasileira?

Confira abaixo a entrevista completa com a Dra. Patrícia para conhecer a trajetória de sucesso dessa pesquisadora brasileira!

PROFISSÃO BIOTEC: QUAL É A SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA (GRADUAÇÃO, PÓS-GRADUAÇÃO E PÓS-DOC) E CARGO ATUAL?

Patrícia Verardi Abdelnur: Graduação em Química, Bacharelado e Licenciatura, na Universidade Federal de São Carlos; Mestrado em Química Orgânica (Produtos Naturais) na Universidade Federal de São Carlos; Doutorado em Química Orgânica (Espectrometria de Massas) na Universidade Estadual de Campinas; Doutorado Sanduíche no Mass Spectrometry Research Center na Vanderbilt University.

[Atualmente Dra. Patrícia é pesquisadora da Embrapa Agroenergia em Brasília, docente na pós-graduação da Universidade Federal de Goiás e Coordenadora da Unidade EMBRAPII – Embrapa Agroenergia “Bioquímica de Renováveis: Enzimas e Microrganismos”]

PB: EM QUE PROFISSIONAL SE INSPIROU PARA SEGUIR ESSA CARREIRA?

PVA: A minha primeira inspiração foi uma professora de química do ensino médio chamada Sylvia. Depois que entrei na universidade, minhas inspirações foram meus orientadores de mestrado, profa. Dra. Maria Fatima das Graças Fernandes da Silva  e de doutorado, prof. Dr. Marcos Eberlin.

PB: QUAL É série FAVORITa?

PVA: Gosto da série Big Bang Theory, porque aborda a ciência e a vida de estudante em república, o que me faz recordar minha época na universidade no Brasil e no exterior. 

PB: QUAIS EVENTOS ACONTECERAM NA SUA VIDA (MAS NÃO APARECEM NO LATTES) QUE TE LEVARAM AONDE ESTÁ AGORA?

PVA: Eu tive que mudar várias vezes de cidade para estudar. Na minha cidade natal, Angatuba (que fica no interior de São Paulo) não havia escola particular, e portanto, tive que fazer o ensino médio em Itapetininga, uma cidade vizinha que fica a aproximadamente 40 km de Angatuba. Eu viajava todo dia para lá de onibus, por 3 anos.

Depois fiz universidade em São Carlos, doutorado em Campinas, doutorado sanduíche em Nashville, nos Estados Unidos. Ao terminar o doutorado, mudei para o Rio de Janeiro, onde fui consultora no CENPES – Petrobras. E então, mudei para Brasília, pois passei no concurso da EMBRAPA. Eu fiz esse concurso, pois meu namorado na época (atualmente meu marido) tinha passado em um concurso em Brasília.

PB: QUAL É A SUA PRINCIPAL ÁREA DE PESQUISA ?

PVA: Nós, na Embrapa Agroenergia, trabalhamos com energia renovável e bioeconomia, principalmente nas plataformas de biomassa para fins industriais, biotecnologia industrial, química de renováveis e materiais renováveis. Fazemos pesquisas para desenvolver novas tecnologias para produção de biocombustíveis
(etanol de segunda geração, biodiesel, biogás, dentre outros) e para o aproveitamento de resíduos e coprodutos, favorecendo a energia circular e upcycling.

Especificamente o nosso grupo atua na bioprospecção de novos compostos de alto valor agregado principalmente por biotecnologia, e no aumento de produção de compostos alvos por microrganismos e plantas, além do desenvolvimento de métodos analíticos baseados em espectrometria de massas e metabolômica.

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Pesquisadora Patricia Verardi fazendo análises de amostras utilizando uma ferramenta analítica de ponta, a espectrometria de massas.

PB: POR QUE VOCÊ ESCOLHEU ESSE TEMA DE PESQUISA?

PVA: Desde o mestrado eu trabalho com espectrometria de massas, e me especializei no doutorado. É uma técnica analítica moderna e muito poderosa, com diversas aplicações. A aplicação desta técnica em energia renovável e descobertas de novos produtos foi acentuada quando iniciei as pesquisas na Embrapa Agroenergia.

PB: ONDE VOCÊ VÊ SUA PESQUISA NOS PRÓXIMOS 5 ANOS?

PVA: As nossas pesquisas estão direcionadas para aplicação industrial, no conceito de market pull além de technology push. As pesquisas estão direcionadas a diferentes setores, desde o setor agro até o setor cosmético.

PB: COMO VOCÊ SE SENTE EM RELAÇÃO À CIÊNCIA BRASILEIRA?

PVA: O Brasil possui grandes pesquisadores e faz ciência de ponta, com trabalhos excelentes e de alto nível, com reconhecimento mundial. No entanto, são necessários mais investimentos públicos e privados nas pesquisas, agilidade nos processos de compra e contratação, além de uma “profissionalização” da ciência, com profissionais que trabalham em pesquisa em universidades e ICTs,, e não somente bolsistas.

PB: QUAIS DICAS VOCÊ DARIA A BIOTECNOLOGISTAS AINDA NA GRADUAÇÃO?

PVA: Ter uma formação excelente, aproveitar os professores e a estrutura da universidade durante a graduação. Pensar e focar no futuro que deseja, seja na academia ou na indústria. Eu acho muito importante fazer pós graduação para se especializar ainda mais, é um crescimento profissional muito importante. Se tiver oportunidade de ter uma experiência no exterior para um estágio ou pós graduação é muito importante também. Um estágio em indústria é interessante para os que almejam seguir nesta área.

PB: QUAIS AS DIFICULDADES DE FAZER PESQUISA NO BRASIL?

PVA: A burocracia  principalmente na compra de consumíveis e equipamentos (que muitas vezes demoram muito, e deixam a pesquisa lenta, prejudicada) e na contratação de profissionais especializados para atuarem nos projetos.

PB: VOCÊ REALIZA ATIVIDADES DE EXTENSÃO OU DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA? QUAIS?

PVA: Sou pesquisadora da Embrapa, docente na Universidade Federal de Goiás, orientando alunos de mestrado e doutorado, e coordeno a Unidade EMBRAPII – Embrapa Agroenergia onde prospectamos parceiros industriais para co-desenvolver projetos de pesquisa em parceria de acordo com a demanda industrial.


Para conhecer mais sobre a nossa ciência, continue acompanhando o quadro “Perfil de Pesquisadores Brasileiros” do Profissão Biotec! Confira também os infográficos desse quadro e mande para seus amigos! Ah, acompanhe nossas redes sociais para não perder nenhuma entrevista! Facebook / LinkedIn / Instagram.

Entrevista realizada por:

Projeto “Perfil de Pesquisadores Brasileiros” realizado por Bruna Lopes e Priscila Esteves de Faria e coordenado por Natália Bernardi Videira

Sobre Nós

O Profissão Biotec é um coletivo de pessoas com um só propósito: apresentar o profissional de biotecnologia ao mundo. Somos formados por profissionais e estudantes voluntários atuantes nos diferentes ramos da biotecnologia em todos os cantos do Brasil e até mesmo espalhados pelo mundo.

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