Pesquisadores brasileiros desenvolveram um método capaz de avaliar o estágio do câncer de boca a partir de amostras de saliva de pacientes e proteínas biomarcadoras do câncer encontradas na saliva.
O câncer de boca é um dos mais agressivos. A cada ano, 300 mil pessoas são diagnosticadas em todo o planeta, e as mortes chegam a 145 mil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
O carcinoma oral de células escamosas (OSCC, do inglês oral squamous cell carcinoma) é o mais comum tipo de tumor maligno de cabeça e pescoço, e é o oitavo tipo de câncer mais incidente no mundo. A maior parte dos prognósticos do tumor é baseado na localização e tamanho do tumor, e na presença e metástase (sistema tumor-node-mestastasis, TNM). No entanto, o método mais usual é falho em grande parte das vezes, pois pacientes com o mesmo TNM podem ter diferentes sintomas clínicos e diferentes respostas aos tratamentos.
Pesquisadores do CNPEM, USP, Unicamp e A.C.Camargo Cancer Center desenvolveram um método baseado na análise proteômica da saliva de pacientes. Os cientistas, por meio de espectrometria de massas e técnicas de machine learning, identificaram uma assinatura de peptídeos biomarcadores dos diferentes estágios do câncer. Os biomarcadores foram validados em biópsias de tumores em estágios iniciais, avançados e metastáticos.
Essa robusta assinatura pode melhorar as decisões de prognóstico no câncer de boca e orientar melhor o tratamento para reduzir a recorrência do tumor ou a metástase linfonodal. O Brasil registra cerca de 14 mil novos casos da doença por ano, e o diagnóstico precoce pode ajudar a salvar muitas vidas.
Confira o artigo original publicado na revista Nature Communications (em inglês). Veja também uma reportagem em vídeo sobre a pesquisa feita pelo G1.