Tenho certeza que você, empresário, já ouviu falar de biotecnologia – afinal, muitas das descobertas recentes devem-se à ela, principalmente na área de saúde humana. O profissional de biotecnologia, no entanto, eu não tenho tanta certeza se você conhece. É um curso relativamente novo que surgiu em meados dos anos 2000 no Brasil, apesar de existir há mais tempo no exterior. Hoje em dia, já são mais de 50 cursos de bacharelado em Biotecnologia e Engenharia de Biotecnologia espalhados por todo o país, mas os profissionais formados ainda se deparam com uma grande barreira: o desconhecimento da profissão por parte das empresas.
A biotecnologia baseia-se na utilização de organismos vivos ou parte deles para obter bens e assegurar serviços. Tendo em vista esse conceito, percebemos que muito dos produtos que consumimos hoje são produzidos por via biotecnológica. Exemplos: na preparação de vinhos e cervejas, fazemos uso de um processo bioquímico chamado fermentação, que consiste no emprego de leveduras para obter o produto final; muitos medicamentos são extraídos de fontes naturais, como plantas e microrganismos; a produção de vacinas; o uso de plantas e/ou micro-organismos na remediação de ambientes contaminados; o uso de engenharia genética para melhorar alguma característica em plantas; etc. A lista é gigante.
A profissão é, portanto, multidisciplinar. O estudante de biotecnologia entra na universidade e aprende Química, Física, Biologia, Informática e Matemática no ciclo básico. Na parte específica, o conhecimento é aprofundado em Biologia Molecular, bioprocessos, biorremediação, Bioinformática, Bioquímica e Microbiologia. Os estudantes costumam fazer estágios de iniciação científica em laboratórios de pesquisa desde o primeiro ou o segundo ano de faculdade, portanto começam os estudos já com a “mão na massa” e aprendendo a trabalhar em grupo.
A biotecnologia é muito recente, e estão sempre surgindo novas descobertas e metodologias, portanto não perca tempo procurando um profissional que saia da universidade sabendo absolutamente tudo, mas sim que esteja pronto para encontrar profissionais preparados para pensar em soluções convenientes, sabendo onde buscar as informações necessárias para cada situação. Este é um profissional adaptado para trabalhar dentro e fora do laboratório. Definindo o biotecnologista em uma palavra, eu diria: inovador.
Em processos seletivos, é muito comum ver características como liderança, protagonismo e inovação entre as principais demandas. A própria Natura, uma das grandes empresas nacionais que investem em biotecnologia, busca profissionais com “disposição para enfrentar grandes desafios e mudanças constantes de cenários”. E certamente não há profissional mais pronto para isso que o biotecnologista, pois quem atua no ramo de ciência e inovação sabe: todo dia há uma nova descoberta. É fundamental estar sempre estudando, mudando e se adaptando.
Embora o curso de biotecnologia tenha sido criado para suprir a demanda por profissionais com conhecimentos aplicados na área biológica, são raras as vezes que esse curso é aceito em processos seletivos. Por quê? Provavelmente porque as empresas não o conhecem. Portanto, fica o questionamento: por que não contratar um biotecnologista?
Olá, Caroline!
Primeiramente, parabéns pelo texto. Trouxe de forma muito bem esclarecida a importância que um biotecnologista tem para o atual mercado. O título muito bem colocado, despertando atenção e convidando o leitor para saber do que se trata. Quero apenas salientar que a definição de biotecnologia poderia se mencionada de forma ampla, visto que vírus, por exemplo, que é utilizado também na indústria de vacinas, não é um microrganismo vivo, sendo um hospedeiro intracelular obrigatório. Você pode falar que a profissão consiste no uso de elementos biológicos como bactérias, fungos, vírus, material genético DNA/RNA (partes de um microrganismo)… para a criação de produtos e obtenção de serviços. Enfim.. Quero reforçar o quanto gostei do seu texto, da sua iniciativa e da dedicação. Parabéns!
Att,
Felipe Brito, Biotecnologista/UFBA.
Olá Felipe,
Obrigada pela contribuição, iremos avaliar isso nos próximos conteúdos!
Continue nos acompanhando e participando, é de extrema importância esse feedback.
Acredito que o motivo seja a qualificação precária dos profissionais em biotecnologia. Por que eu contraria uma pessoa que estudou 4 anos determinado assunto, quando estão a disposição outros que estudaram o mesmo assunto pelo dobro do tempo o mais? (No caso, profissionais de cursos como biologia, biomedicina, engenharias, que fizeram pós-graduações e se especializaram em áreas da biotecnologia).
Olá Ricardo,
Você acabou trazendo um ponto muito interessante, afinal você comparou uma pessoa graduada com uma pessoa com pós-graduação.
o profissional de biotecnologia é especializado nessa área e pode também fazer a pós-graduação e ter o “dobro de tempo” dedicado ao assunto e ainda mais focado. Então acreditamos que essa comparação acaba elevando ainda mais o profissional que mesmo apenas com graduação já é comparado ao pós-graduado.
Obrigado pela contribuição!