Uma semana de aprendizado no IV Curso de Engenharia de Máquinas Biológicas

O IV Curso de Engenharia de Máquinas Biológicas ocorreu de 26 de fevereiro a 2 de março de 2018, no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais.

Na segunda-feira de manhã (26 de fevereiro), eu cheguei no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, depois de uma rápida confusão, encontrei o Bloco F2 e a sala 254. Entrei, peguei o meu crachá, sentei em uma das poltronas e esperei iniciar o IV Curso de Engenharia de Máquinas Biológicas. Eu, que não estudei na UFMG, não conhecia quase ninguém daquele auditório e tive pouco contato com o conceito de “Máquinas Biológicas”, mal sabia eu o que me esperava.

Naquela manhã, tivemos uma recepção acolhedora e uma introdução à Biologia Sintética com a Prof. Liza Felicori. Na sequência, tivemos uma chuva de conceitos e ferramentas de empreendedorismo com a equipe da OPEI (Oficina de Projetos, Empreendedorismo e Inovação) da UFMG. Aí você se questiona: ué, mas não diz nada sobre empreendedorismo no nome do curso!

O objetivo deste curso de verão não é apenas difundir o conhecimento técnico sobre as áreas de Biologia Sintética e Máquinas Biológicas, mas sim estimular a criatividade e a geração de valor real para a sociedade, usando as tecnologias citadas para criar produtos ou serviços. Durante o curso, foram montadas equipes multidisciplinares que tiveram que propor uma máquina biológica que sanasse uma necessidade real da sociedade. E, para validar o projeto, foram aplicadas várias ferramentas de empreendedorismo.

Mapa de Empatia, uma das metodologias de empreendedorismo utilizada ao longo do curso. Fonte: Página do iGEM UFMG.

No segundo dia, foram apresentados conceitos mais aprofundados de Biologia Molecular e algumas técnicas de Engenharia Genética, importantíssimas para o desenvolvimento de Máquinas Biológicas. Também colocamos a mão na massa e fizemos um experimento de Transformação Bacteriana e uma “Bioarte”, usando E. coli transformada com plasmídeo contendo GFP (Proteína Fluorescente Verde) e com RFP (Proteína Fluorescente Vermelha). Ficou lindo! Nesse mesmo dia, também fomos introduzidos ao iGEM (Competição Internacional de Engenharia de Sistemas Biológicos), evento pioneiro e que contribuiu muito para o desenvolvimento da Biologia Sintética a nível mundial.

Algumas das “bioartes” feitas durante o curso. Fonte: Página do iGEM UFMG

Outro aspecto muito destacado ao longo do curso foi a importância de se realizar uma modelagem matemática para o sistema biológico que está sendo trabalhado, a fim de identificar quais rotas metabólicas devem ser alteradas para se obter o produto desejado. Tivemos uma quarta-feira cheia de cálculos, gráficos e linhas de comando.

Aprendendo sobre modelagem de sistemas biológicos. Fonte: Página do iGEM UFMG.

Na quinta, falamos sobre Bioarte com o Prof. Pablo Gobira, da UEMG, que explicou conceitos de arte e importância para a sociedade. Logo depois, o foco foi o movimento “maker” e DIY (Do it yourself, ou Faça Você Mesmo). Os membros de alguns dos espaços abertos de Belo Horizonte estavam lá e nos falaram sobre esse movimento de “criação” livre e empreendedorismo. Não bastando, no período da tarde ainda pudemos conhecer o Laboratório Aberto recém-inaugurado da UFMG, que tem uma impressora 3D (!!!) e imprimimos pequenos “microscópios” para observar células vegetais.

Observando células vegetais em microscópio impresso na impressora 3D. Fonte: Página iGEM UFMG

O último dia foi focado no desenvolvimento do Pitch (Apresentação) dos projetos. Enquanto tínhamos as “aulas” que citei acima, também houve períodos de mentoria para o desenvolvimento do projeto. Por fim, depois de desenhada a máquina biológica e feita uma (rápida) validação de mercado, estávamos prontos para apresentar o trabalho. A tarde de sexta-feira foi para isso: apresentar o trabalho, receber feedback e interagir com os colegas. E também para concorrer ao grande prêmio: o Troféu BioBrick de Ouro para o melhor trabalho, que era nada mais, nada menos que uma linda proteína impressa na impressora 3D.

Troféu para o melhor trabalho, que ficou com a equipe da BioTêxtil. Fonte: Página do iGEM UFMG

Uma boa parte dos participantes do curso eram estudantes ou profissionais de Ciências Biológicas e cursos afins (Biotecnologia, Farmácia e etc.), porém cerca de 10% provinham de cursos de Exatas, como Engenharia e Física. Além disso, muitos alunos não eram de Belo Horizonte e nem mesmo de Minas Gerais. Eu, por exemplo, sou do Rio Grande do Sul, enquanto que havia colegas de São Paulo, do Pará e até mesmo da Colômbia! Essa riqueza de conhecimento e experiências certamente fez diferença no desenvolvimento dos projetos, que estavam super criativos e tecnologicamente impressionantes. Havia vários tipos de proposta, desde um “biotecido” feito de micélio fúngico, até a expressão de fármacos anti-câncer em bactéria. Só tenho a agradecer aos organizadores do curso, aos palestrantes e aos colegas por terem proporcionado uma semana de tanto aprendizado e conexão.

Se você quiser saber mais sobre o curso e se inscrever na próxima edição, acompanhe a página do Facebook da equipe do iGEM da UFMG.

 

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