Saber como escolher um orientador tendo pouca experiência no assunto pode ser complicado. Aqui você encontra algumas dicas de como proceder.

A biotecnologia é um curso multidisciplinar que muitas vezes está associado à área acadêmica. Em muitos lugares é possível escutar de professores e estudantes mais antigos a recomendação para que se inicie a iniciação científica (IC, mais conhecido por “o/a IC” no ambiente acadêmico) assim que possível. Apesar de ser visto como um “rito de passagem”, muitas vezes não somos aconselhados da melhor forma possível a como escolher o IC. E, com algumas das dicas a seguir, você poderá escolher o seu orientador de forma mais consciente. Essas dicas se encaixam para a escolha de orientador em qualquer nível acadêmico (mestrado, doutorado, pós-doutorado).

A iniciação científica é o primeiro contato do estudante de graduação com a pesquisa científica, ou seja, também pode ser considerado como uma forma de estágio. Devido aos cursos de  biotecnologia e áreas afins estarem muito envolvidos com áreas de pesquisa e desenvolvimento é comum que os discentes desse curso sejam estimulados a realizar iniciações científicas. No entanto, a pesquisa não é exclusividade dessa área acadêmica. A IC e os estágios são importantes formas de agregar conhecimento na vida de um estudante. É o primeiro contato com o ambiente de trabalho acadêmico e o momento em que é possível testar diferentes áreas e descobrir com qual você mais se identifica. 

  1. Autoconhecimento
Imagem com fundo azul e letras coloridas formando a palavra “skills”
Conhecer seus pontos fracos e fortes ajuda a contribuir para o seu crescimento, assim como, trabalhar e estudar de forma mais eficiente.
#ParaTodosVerem: Imagem com fundo azul e letras coloridas formando a palavra “skills” (traduzida para habilidades). Cada uma das letras é segurada por mãos de pessoas diferentes. Fonte: rawpixel

Um passo importante na escolha de quem vai ser seu orientador é você o autoconhecimento. E como isso pode te auxiliar na escolha? Quando você se conhece sabe as áreas e assuntos que mais te interessam, se o tipo de orientador que pode te ajudar a obter melhores resultados será aquele mais presente e que te cobre mais ou aquele que te dê mais liberdade para administrar o seu projeto, mas almeja resultados. 

Cada um tem uma forma de cobrança e estudo a qual se adapta melhor. Caso o orientador não se encaixe em seu perfil pessoal, pode atrapalhar mais do que ajudar. Por exemplo: uma pessoa que se cobra muito e tem um orientador muito exigente pode ter problemas psicológicos; ou, para alguém que tem dificuldade em estabelecer prazos sozinho e o orientador não realiza cobranças é possível que o trabalho “não saia do lugar”.

Existem pessoas que não conseguem trabalhar sob pressão, em ambiente desorganizado ou com outras pessoas falando, enquanto outras funcionam melhor quanto maior é a tensão e não se incomodam com bagunça ou outras pessoas falando e fazendo outras coisas enquanto trabalha. Quando você sabe quais as condições de trabalho que contribuem para aumentar a sua eficiência fica mais fácil identificar onde você se encaixa melhor.

É importante lembrar que boa parte dos trabalhos acadêmicos possuem um prazo para serem realizados, principalmente quando há recebimento de bolsa, sendo necessário apresentar resultados parciais e finais em um tempo pré-determinado. Ao se comprometer com um projeto de pesquisa, tenha em mente que você vai precisar se dedicar com responsabilidade àquele trabalho, então, certifique-se que você será capaz de finalizar o trabalho naquele tempo.

  1. Área de interesse
Imagem que tem como centro a discussão sobre conhecimento (representado pela palavra “knowledge” no centro)
A ciência é ampla e multidisciplinar. Saber quais áreas mais te interessam pode contribuir para suas escolhas, mas você não precisa se limitar apenas a uma área. Pela ciência ser multidisciplinar, diferentes áreas interagem entre si para gerar um resultado. #ParaTodosVerem: Imagem que tem como centro a discussão sobre conhecimento (representado pela palavra “knowledge” no centro). Existem sete pessoas, que só vemos alguma parte do corpo, ao redor de uma mesa que contém diferentes representações de pequenos gráficos e o símbolo de ideia (lâmpada brilhante). Fonte: rawpixel

Independente do nível de formação em que você esteja, é necessário saber em qual área você tem interesse de fazer pesquisa naquele momento. No decorrer de sua formação, seus interesses podem mudar. Mas é importante trabalhar com o que te interessa, porque nos momentos difíceis (acredite, isso vai acontecer dentro da sua pesquisa) será de onde você tirará forças e motivação para continuar.

Não escolha apenas uma orientação que atue na sua grande área de interesse. O tipo de pesquisa realizada também é importante, porque as grandes áreas podem ter inúmeros caminhos distintos. Por exemplo, se você gosta de saúde, qual parte te interessa mais? Doenças infecciosas? Doenças genéticas? Ou patologias com diferentes origens?

O orientador que você está cogitando tem uma área de pesquisa muito restrita ou já trabalhou e trabalha com assuntos diferentes?

  1. Os colegas
Cinco pessoas diferentes segurando lâmpadas com colorações diferentes na altura da cabeça, cobrindo-a
Em um laboratório somos todos iguais com experiências diferentes, por isso, um colega pode surgir com a solução para um problema que você vem enfrentando e não consegue solucionar. 
#ParaTodosVerem: Cinco pessoas diferentes segurando lâmpadas com colorações diferentes na altura da cabeça, cobrindo-a. A quarta pessoa com uma lâmpada está pulando e sua lâmpada encontra-se em nível superior às demais. Fonte: rawpixel

Apesar de poucas vezes os colegas de trabalho serem levados em consideração durante a escolha de um orientador, esse é um fator importante a ser considerado. Isso porque grande parte dos orientadores não estão presentes dentro do laboratório na maior parte do tempo. Por isso, normalmente quem vai te ajudar, dar apoio e estar contigo ali no dia a dia são seus colegas. Esses podem compartilhar o mesmo orientador ou apenas utilizarem o mesmo laboratório. E, independente de qual nível seus colegas forem, eles têm muita coisa para te ensinar. É bom cultivar uma boa relação com eles, porque torna o ambiente de trabalho mais agradável e pode facilitar a realização do trabalho. E lembre-se: os trabalhos acadêmicos são feitos, em sua maioria, em equipe, não apenas um estudante e seu orientador.

Outro ponto positivo em relação aos colegas é que eles podem te ajudar a conhecer mais o orientador quando você é recém chegado no laboratório. Eles conhecem o orientador a mais tempo que você, então podem ter dicas úteis de como se relacionar com ele. E, se possível, conheça estudantes do professor que está pensando em ter como orientador para saber se eles o recomendam ou não. Em geral, só conhecemos bem uma pessoa quando mantemos contato direto com ela, por isso, os discentes dele são uma ótima opção para obter informações. Isso pode evitar que você “entre em uma cilada”.

  1. Não seja afobado

Escolhas feitas sem pensar direito são mais propensas a arrependimentos do que aquelas em que se analisa com tranquilidade.

Alguns professores têm o hábito de fazer seleção interna para a entrada de novos estudantes em seu grupo de pesquisa, mas essa não é a única forma de participar de um grupo. Uma forma muito prática e eficaz é conversar com o professor o qual você tem interesse na área de trabalho. Até mesmo esses professores que fazem seleção podem aceitar te orientar após uma conversa sobre seus interesses e habilidades fora da época de seleção.

Então, quando aparecer uma oportunidade, se questione: Você já tem conhecimento sobre a pesquisa realizada? Procurou se informar sobre o professor e suas formas de trabalho? Já conversou com ele e tirou dúvidas sobre o trabalho dele? Acredita que se encaixa e vai ser produtivo e eficiente? Dê seguimento e tente a sua vaga! Caso ainda tenha algumas informações pendentes talvez seja melhor aguardar mais um pouco.

E lembre-se, caso você não consiga entrar de primeira no grupo em que tem interesse você pode escolher outro ou se preparar melhor para outra seleção.

  1. O orientador
Imagem composta por uma equipe de sete pessoas e ao fundo um quadro com escritas “team” (time), “share” (compartilhar), “help” (ajudar), “trust” (confiar) e “support” (apoio)
Orientador é aquele que te guia no decorrer do seu trabalho. É ele quem vai ser responsável por grandes decisões, assim como, é a pessoa com a qual os resultados e passos seguintes serão discutidos. 
#ParaTodosVerem: Imagem composta por uma equipe de sete pessoas e ao fundo um quadro com escritas “team” (time), “share” (compartilhar), “help” (ajudar), “trust” (confiar) e “support” (apoio). Assim como, há a presença de engrenagens interligadas a uma equipe; lupa; globo com a informação circulando. Fonte: rawpixel

Primeiro, tenha em mente que dificilmente você irá conseguir conhecer seu orientador completamente antes de estar sob a orientação dele. Então usar alguns artifícios (como os citados acima) pode contribuir para o encontro de um bom orientador. A função do orientador é te guiar no decorrer do seu trabalho.

Pense assim: você é o protagonista do seu trabalho e o orientador é o seu diretor. Mas, mesmo ele tendo “o poder de mandar”, você pode e deve ter participação ativa durante o trabalho, levar pontos de vista diferentes e sugerir modificações (quando possível), sempre visando enriquecer o trabalho. O trabalho de pesquisa acontece em conjunto. 

Nesse texto foram citados alguns pontos a serem considerados antes de escolher o orientador. Escolher um orientador não é um bicho de sete cabeças, mas escolher um que não contribua para o seu crescimento e com seu trabalho pode te gerar muita dor de cabeça! Tenha calma e procure se informar.

perfil Natalia Lopes
Texto revisado por Darling Lourenço e Ísis V. Biembengut

Cite este artigo:
LOPES, N. R. 5 fatores importantes para a escolha de um orientador. Revista Blog do Profissão Biotec, v.9, 2022. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/5-fatores-importantes-para-escolhe-de-um-orientador/>. Acesso em: dd/mm/aaaa.

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