2019 chegou e todos estamos cheios de planos para esse novo ano. Mas quais seriam as tendências para este e para os próximos anos no universo biotecnológico? Aqui vai uma lista com alguns palpites do que podemos esperar para o próximo ano:
1- Terapia gênica
Desde o início das pesquisas com genômica e biologia molecular, a terapia gênica tem sido prometida como uma forma de cura de doenças genéticas e síndromes. A terapia gênica é uma forma de tratamento que tenta solucionar patologias a nível molecular, corrigindo genes com algum defeito. Ela pode prevenir que uma proteína cause algum dano, pode restaurar a função de uma proteína, dar às proteínas novas funções ou melhorar funções existentes.
Em 2018 vimos um dos primeiros produtos para tratamento de cegueira congênita ser aprovado para utilização comercial na Europa. Luxturna, lançada pela Novartis, é um tratamento onde pessoas com cópias mutadas do gene RPE65 recebem cópias saudáveis do gene diretamente na retina. O tratamento também foi aprovado pelo FDA nos Estados Unidos. O preço da terapia nos EUA fica em torno de 850 mil dólares.
Outra empresa, a CRISPR Therapeutics, vai iniciar os testes clínicos neste ano para duas novas terapias: para correção de anemia falciforme (EUA) e para o tratamento de beta-talassemias (Europa). Ambos as terapias utilizam a tecnologia de CRISPR-Cas9.
Com o avanço das pesquisas e melhoramento da eficiência e precisão das técnicas de CRISPR-Cas9, é possível que vejamos mais e mais produtos seguirem este mesmo caminho. Você conhece mais ensaios clínicos de terapia gênica que começam este ano?
2- Maior participação da sociedade nas discussões sobre Bioética
Uma das maiores polêmicas do ano passado foi o anúncio dos primeiros bebês geneticamente modificados pelo Chinês He Jiankui, por meio da técnica de CRISPR-cas9. Apesar da veracidade da pesquisa de He Jiankui ser muito questionada, isso trouxe à tona a discussão sobre questões de bioética, tanto na mídia quanto no meio científico, que já haviam chamado atenção em casos anteriores de manipulação.
Com o avanço da terapia gênica e a possibilidade de melhoramento genético de humanos, o interesse da sociedade para discussões éticas em torno de genética crescerá. Nisso, iniciativas de divulgação científica e ensino de ciências no ensino básico terão papel fundamental. Uma população mais bem informada poderá participar de forma mais ativa nessas discussões e sustentar suas opiniões de maneira mais embasada.
3- Biologia digital?
Outra ideia relativamente antiga que podemos ver revisitada e explorada neste ano é a de utilização de DNA para armazenamento de dados. A ideia parte de que o DNA é utilizado para armazenamento de informações nas células e organismos, então por que não usá-lo para armazenar informações de computadores e códigos? O armazenamento de dados é considerado um dos grandes desafios do futuro.
Hoje, empresas de tecnologia já têm que lidar com servidores ocupando espaços gigantescos. Já as fitas de DNA podem ser armazenadas em pequenos espaços e por longos períodos de tempo. Para provar esse conceito, em 2017 cientistas de Harvard codificaram as imagens de um pequeno GIF em células bacterianas. Após algumas gerações, eles conseguiram recuperar o código para o filme com 90% de precisão.
O maior problema, nesse caso, é o alto custo para síntese de oligonucleotídeos pelas técnicas atuais. Para este desafio, algumas empresas já estão buscando soluções. A DNA Script, por exemplo, está desenvolvendo novos métodos de síntese de DNA que prometem diminuir o custo e aumentar a velocidade do processo. Com a nova técnica, a companhia já conseguiu sintetizar sequências de até 150 pares de bases com alta acurácia.
4- Dispositivos tecnológicos
A junção de tecnologia com biologia criando dispositivos biônicos já é realidade há muitos anos. Bombas de insulina e marcapassos são os exemplos mais clássicos desses dispositivos. Com o avanço do entendimento de biomateriais e da robótica não poderíamos ir muito além?
Várias empresas têm atuado na construção desses dispositivos, que estão em testes clínicos, e que podem – em breve – ser lançados no mercado. É o caso dos implantes de visão biônica da companhia francesa Pixium Vision (em fase de testes), que poderiam restaurar a visão em pacientes cegos. Outros exemplos são os vários dispositivos sendo desenvolvidos para medição de glicose livre de agulhas em diabéticos e os selantes cirúrgicos derivados de biomimese. Baseado nesses exemplos, 2019 pode levar a novas fases clínicas ou aprovações de dispositivos.
Embora haja muita especulação sobre as tendências que vieram para ficar, uma coisa é certa: a biotecnologia está saindo dos laboratórios e universidades e fazendo parte do cotidiano das pessoas. E você? Que tendências biotecnológicas você acha que vão bombar em 2019?