Idependente se você é fitness ou não, já ouviu falar de Whey Protein. Veja como os processos biotecnológicos estão presentes em sua fabricação.

Olá leitores do PB, o texto de hoje vai deixá-los impactados. Se vocês, assim como eu, amam aquele “treinão” pesado na academia e gostam de utilizar algum suplemento para potencializar os resultados de ganho de massa, não irão acreditar que eles são produzidos por técnicas de biotecnologia! Pasmem! Vejam como é produzido o Whey Protein, um dos produtinhos preferidos dos marombeiros. 

Whey Protein. Fonte: Flickr

 Você tem ideia de como o Whey Protein é obtido?  Ele é considerado um subproduto no processo de fabricação do queijo. Basicamente, ao se produzir o queijo, a caseína coalha e se separa do soro, que é coletado e usado como matéria-prima para fabricação do “whey”, que significa soro em inglês. Antigamente, o soro de leite era considerado resíduo pela indústria, sendo descartado nos rios (gerando poluição por ser uma matéria-prima biológica complexa) ou sendo utilizada como alimentação animal, o que era uma grande perda econômica para a indústria. Hoje em dia ele é considerado co-produto, juntamente com o queijo, e dependendo do valor agregado, o whey pode ser até mais importante que o queijo que dá origem a ele. 

Os processos envolvidos no processamento do whey protein são a filtração (micro/ultra) e a troca iônica. Vejamos:

Microfiltração e ultrafiltração

A diferença da nomenclatura refere-se ao tamanho dos poros das membranas. As membranas de microfiltração possuem poros maiores, deixando passar a maior parte das partículas e retendo apenas as de maior peso molecular. No processo de ultrafiltração, os poros são menores, retendo partículas de menor peso molecular. Veja na figura abaixo: 

Fonte: Milkpoint

Os poros desta membrana variam de 0,2 a 5 micrômetros de diâmetro, e são capazes de separar partículas entre 0,025 micrômetros e 10 micrômetros. Aquelas que conseguem atravessar os poros da membrana são chamadas de “permeado”, ao passo que as partículas maiores que ficam retidas pela membrana são chamadas de “retentado”

Fonte: Milkpoint

Durante a filtração, os compostos com baixa massa molecular como a lactose, os sais minerais e as vitaminas são removidos fazendo com que a  proteína fique concentrada. Em seguida, a proteína é pasteurizada, evaporada e seca em temperaturas baixas para evitar a sua desnaturação.

Já no processo de ultrafiltração, as membranas possuem poros de 1 a 100 nm. Como os poros são menores, uma força motriz maior é necessária para obter fluxos permeados elevados o suficiente para que o processo possa ser utilizado industrialmente. Sua principal vantagem está na capacidade de remover bactérias, esporos e células somáticas do soro em baixas temperaturas, o que ajuda a manter os nutrientes como as vitaminas A, B1 e B12. 

Troca iônica 

 A troca iônica realiza a separação das proteínas de acordo com sua carga elétrica. Veja, neste texto, as particularidades deste processo. Assim, a carga das proteínas interage com as cargas de reagentes como o ácido clorídrico (HCl) e hidróxido de sódio (NaOH). 

Esse processo é relativamente simples e de baixo custo (80% mais barato do que a filtração), contudo os reagentes utilizados promovem a  variação do pH e consequentemente a desnaturação de algumas proteínas como os glicomacropeptídeos (GMPs) e algumas imunoglobulinas (importantes para manutenção da imunidade). Porém, essa perda é justificável devido ao aumento da concentração de outras proteínas como a beta-lactoglobulina, que é mais estável. Outro benefício da troca iônica é que o produto final tem menos gordura e lactose se comparado à ultrafiltração.

Basicamente, podemos concluir que graças à biotecnologia, o soro que anteriormente era descartado sem tratamento prévio no ambiente, hoje é  utilizado por mim e outros centenas de marombeiros devido ao aproveitamento de suas propriedades funcionais e bioativas. Além disso, pesquisas têm sido conduzidas a fim de utilizá-lo como substrato alternativo para fabricação de meios de cultura com baixo custo e minimizar os problemas ambientais causados pelo descarte inadequado.

Espero que tenham gostado do texto, iremos escrever outros a respeito do processo produtivo de suplementos alimentares, compartilhe-o nas redes sociais e marque todos os seus amigos fitness

Texto revisado por Letícia Cruz e Ísis Venturi
Referências:

FAGNANI, R. Microfiltração em produtos lácteos: princípios e aplicações. 2016. Milkpoint. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/colunas/rafael-fagnani/microfiltracao-em-produtos-lacteos-principios-e-aplicacoes-99178n.aspx. Acesso em: 20/08/2019.

MOREIRA, E. G. ROCHA, C. G. RAMOS, A. M. A ultrafiltração e sua aplicabilidade na área de alimentos. 2011. Portal tratamento de água. Disponível em: https://www.tratamentodeagua.com.br/artigo/a-ultrafiltracao-e-sua-aplicabilidade-na-area-de-alimentos/. Acesso em: 20/08/2019.

NUTRATA, Suplementos nutricionais. Disponível em: https://nutrata.com.br/como-e-feito-o-whey-protein/. Acesso em: 08/08/2019.
1 Comentário
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Dayana Ferraz Silva
Dayana Ferraz Silva
4 anos atrás

Brilhante , muitas pessoas não entendem com a biotecnologia é maravilhosa e está presente em tudo.

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