Como a biotecnologia pode ajudar a performance dos atletas?

Enquanto estavam no auge de suas carreiras esportivas, Rafael Nadal e Cristiano Ronaldo sofrem lesões que colocaram em risco suas atividades e suas carreiras.

O que esses dois jogadores têm em comum? Além de serem os melhores no que fazem, eles utilizaram o mesmo tratamento para se recuperar de suas lesões: células-tronco.

Neste artigo, o Profissão Biotec selecionou as  ferramentas biotecnologicas que existem e que possibilitam os atletas a se recuperarem ou a se manterem no auge da forma física.

Células-tronco são células capazes de autorrenovação e  que podem se diferenciar em várias categorias de células. A partir de células-tronco retiradas do sangue dos atletas, elas são injetadas na área lesionada, auxiliando no reparo reconstrução e força para o tecido lesionado[1]. Os benefícios dessa técnica são que o atleta  não precisa fazer a cirurgia e somente com um dia na clínica ele pode voltar para casa sem precisar de anestesia e correr outros tipos de riscos [2].

Possíveis destinos das células-tronco
Possíveis destinos das células-tronco. Fonte: IPCT

Ossos quebrados

Ossos quebrados são umas das maiores causas de lesões de atletas, sendo necessários 6 meses para a recuperação completa. Mas uma tecnologia pode ajudar a diminuir esse tempo. A CERAMENT é um substituto sintético de osso, composto por 40% hidroxiapatita, 60% de sulfato de cálcio e o componente líquido: iohexol, uma mistura para formar uma pasta injetável[3]. É utilizado para preencher lacunas (imagem abaixo) ajudando a promover a cicatrização óssea[4].

Aplicação da tecnologia CERAMENT
Aplicação da tecnologia CERAMENT. Fonte: Ortho Spine News

Marcadores de concussão

A concussão caracteriza-se pela presença de sintomas neurológicos sem nenhuma lesão identificada, mas que gera danos microscópicos, sendo reversíveis ou não. Vários jogadores já sofrem desse problema, mas devido ao tempo para detectá-lo, correm riscos durante partidas, pois é necessário teste de tomografia computadorizada, custando tempo e dinheiro.

Por isso, a agência de regulamentação americana para alimentos e medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA), em fevereiro deste ano, aprovou o primeiro teste sanguíneo para identificação de concussão.5 Esse teste é baseado em um biomarcador sanguíneo que analisa os níveis da proteínas UCH-L1 e GFAP, que estarão em níveis elevados nos pacientes que possuem  lesões ou traumas cerebrais.

O jogador de baseball Yadier Molina sendo retirado do jogo com possível concussão
O jogador de baseball Yadier Molina sendo retirado do jogo com possível concussão. Fonte: shgmom56, via Wikimedia Commons

Doping Genético

Como estamos na era da manipulação de DNA, um questionamento pode vir à sua cabeça: será que o doping genético é possível?[6]

Bem, com o advento da tecnologia CRISPR/CAS9, que permitiria aumentar ou diminuir a expressão de genes relacionados à performance esportiva, seria possível elevar a capacidade de atletas[7]. Porém, um artigo publicado pela revista Nature sobre esse assunto, relata que o doping genético pode ser perigoso e até fatal, pois estudos com vetores carreadores do gene EPO (Proteína Eritropoetina, hormônio que produz a célula sanguínea vermelha que pode otimizar a entrega de oxigênio para células musculares) em macacos demonstraram problemas de excesso de células vermelhas, no qual o sistema imune desses animais rejeitou deixando-os anêmicos[8,9].

Exemplo de como funciona o doping genético
Exemplo de como funciona o doping genético. Fonte Infográfico (Revista Veja: Edição 1935 . 14 de dezembro de 2005) Fonte: Ciência no esporte

Biomateriais

Além da biotecnologia auxiliar no tratamento e melhora da performance corporal dos atletas, ela ajuda a vesti-los[10].

O primeiro material que ficou famoso foi confeccionado em uma parceria entre as empresas AMSILK e Adidas, para produzir o primeiro tênis biodegradável do mundo utilizando biomaterial feito de seda de teia de aranha sintetizada em laboratório[11,12].

Modelo do tênis feito com materiais biotecnológicos.
Modelo do tênis feito com materiais biotecnológicos. Fonte: Wilson Hennessy/Wired

Além dos exemplos citados, não podemos esquecer que a biotecnologia também ajuda na suplementação dos atletas [13]. Logo, você vai ter mais motivos para acompanhar esportes e se animar ao saber como  estamos presentes nesse meio. 

Perfil de Guilherme
Texto revisado por Thais Semprebom e Mariana Pereira

Referências

1 – http://celulastroncors.org.br/celulas-tronco-2/
2- https://nsistemcell.com/world-class-athletes-use-stem-cell-treatment-for-knees/
3 – https://www.bonesupport.com/en-us/cerament-us/
4- https://labiotech.eu/bone-therapeutics-switches-to-allogeneic-for-universal-bone-cell-therapy/
5- https://www.fiercebiotech.com/medtech/fda-clears-first-blood-test-for-evaluating-concussion
6- https://labiotech.eu/gene-doping-olympics-biotech-rio/
7- http://profissaobiotec.com.br/biotecnologia-e-crisprcas9-um-novo-passo-na-luta-contra-aids/
8- https://www.nature.com/scitable/topicpage/sports-gene-doping-and-wada-764
9- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16286094
10- http://profissaobiotec.com.br/biotecnologia-na-moda-tecidos-partir-de-micro-organismos/
11- https://www.amsilk.com/
12- https://labiotech.eu/adidas-amsilk-biodegradable-sneakers/
13 – http://profissaobiotec.com.br/suplementos-alimentares-como-a-biotecnologia-atua-na-sua-producao/

 

Sobre Nós

O Profissão Biotec é um coletivo de pessoas com um só propósito: apresentar o profissional de biotecnologia ao mundo. Somos formados por profissionais e estudantes voluntários atuantes nos diferentes ramos da biotecnologia em todos os cantos do Brasil e até mesmo espalhados pelo mundo.

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