O que significam os termos científicos relacionados à COVID-19?

O Profissão Biotec explica os termos científicos relacionados à COVID-19 para você entender todas as notícias sobre o assunto!

Todo dia é divulgada alguma nova notícia sobre o novo coronavírus, não é mesmo? Seja sobre o vírus e suas características, ou sobre a doença COVID-19, seus sintomas, possíveis tratamentos e métodos diagnósticos. E no meio disso tudo, tem um monte de termos científicos, que por mais que os jornalistas tentem descomplicar, ainda podem ser difíceis de entender. Mas calma! O Profisão Biotec criou esse dicionário de termos científicos sobre o vírus SARS-CoV-2 e a doença COVID-19 para você consultar sempre que tiver dúvidas!

Falaremos sobre o significado de COVID-19, SARS-CoV-2, vírus, material genético (DNA e RNA), proteínas, cepa, PCR, anticorpos,crescimento exponencial, achatamento da curva e portador assintomático.

1 – COVID-19

Nome da doença causada pela infecção com o novo coronavírus, cujo nome oficial é SARS-CoV-2. A sigla COVID vem do nome em inglês COrona VIrus Desease, que literalmente quer dizer doença do coronavírus, e o número 19 diz respeito a quando a doença foi identificada pela primeira vez, ao final de 2019.

Saiba mais sobre a nomenclatura da doença no site da Organização Mundial da Saúde (em inglês)  ou no site da FioCruz (em português). Saiba mais sobre a doença e sintomas no site do Ministério da Saúde.

2 – SARS-CoV-2

SARS-CoV-2 é o nome oficial do novo coronavírus. O nome vem do termo SARS, uma sigla em inglês para “síndrome respiratória aguda grave“; CoV vem de Corona Virus, que é a família de vírus a qual o novo coronavírus pertence; e o número 2 é para indicar que ele é o segundo vírus que causa essa síndrome respiratória aguda grave (o primeiro foi o vírus causador da SARS). 

Saiba mais sobre a nomenclatura do vírus no site da Organização Mundial da Saúde (em inglês)  ou no site da FioCruz (em português). Neste texto contamos mais sobre a família dos coronavírus. 

O vírus SARS-CoV-2, causador da doença COVID-19, é recoberto por um envelope composto de lipídeos e proteínas. Como o vírus tem formato arredondado, fazendo uma analogia, o envelope é como se fosse o tecido que envolve a bola de futebol. Por ser formado de lipídeos (gordura), água e sabão conseguem dissolver esse envelope, destruindo o vírus (conforme explicado no infográfico abaixo). Dentro do envelope, está contido o material genético do vírus: o RNA – que vamos explicar em outro tópico!

Infográfico produzido e gentilmente cedido por covid19 DivulgAÇÃO Científica coronavirusdc.com.br

3 – Vírus

São seres intracelulares obrigatórios. Mas o que isso quer dizer? Que biologicamente não são considerados seres vivos, porque precisam estar dentro da célula de um hospedeiro para se multiplicarem. Os vírus “enganam” as células e usam as “ferramentas” celulares para produzir novos vírus. 

4 – Material genético

Contém a informação necessária para produção e funcionamento das células e dos vírus. É como se fosse um manual de instruções ou livro de receitas do organismo, e está contido dentro de todas as células. No caso de células de animais, plantas, fungos e bactérias, o material genético é o DNA. No caso de vírus, o material genético pode ser tanto RNA, quanto DNA, dependendo da espécie de vírus. O material genético do SARS-CoV-2 é feito de RNA. 

5- Ácido desoxirribonucleico (DNA)

O ácido desoxirribonucleico, cuja sigla DNA vem do inglês DeoxyriboNucleic Acid, compõe os genes de um organismo. Voltando a analogia do livro de receitas, cada gene contém uma receita para a produção de proteínas específicas, além de conter informações para regular a produção dessas proteínas. No núcleo das células, o DNA é copiado em RNA, que é como se fosse uma cópia que a gente faz do livro para levar para cozinha na hora de produzir a receita. 

Se você quiser saber mais detalhes científicos da composição do DNA e sua função clique neste link

6 – Ácido ribonucleico (RNA)

Existem diversos tipos de ácidos ribonucleicos, cuja sigla RNA vem do inglês para RiboNucleic Acid. Mas aqui vamos focar apenas no tipo de RNA presente dentro do SARS-CoV-2: o RNA mensageiro (mRNA). 

Os vírus, cujo material genético é o RNA, não possuem o “livro de receitas” do DNA, eles possuem apenas as cópias simplificadas das receitas das proteínas. A célula hospedeira entende o RNA viral como seu RNA, pois eles são produzidos a partir da mesma matéria-prima, mas ensinam para receitas diferentes. A célula hospedeira utiliza suas próprias ferramentas para ler o RNA viral e produzir proteínas virais. Ela também junta todas as proteínas virais e monta novos vírus completos. Parecem meio burrinhas essas células, né? 

Se você quiser saber as diferenças estruturais entre RNA e DNA e sobre os diferentes tipos de RNA que existem além do mRNA, leia nosso texto “O incrível universo dos RNAs”

7 – Proteína

Proteína é aquele componente dos alimentos né? Junto com carboidratos e fibras? Sim, mas não apenas isso! Proteínas estão presentes em TODAS as células, e possuem as mais diferentes funções: catalisam reações enzimáticas (enzimas), são receptoras de íons ou outras moléculas para sinalização celular, realizam a transcrição do DNA em RNA, geram cópias de DNA, realizam a produção de outras proteínas, e além de muito mais outras funções, estão presentes na membrana das células e nos envelopes virais!

No caso do vírus SARS-CoV-2 a proteína mais famosa é a proteína Spike (ou S) que está presente no envelope celular. É por meio dela que o vírus é reconhecido pelas células humanas (pela proteína humana ACE2) e consegue entrar nas células. Por fazer parte do mecanismo que permite a entrada do vírus na célula, a proteína S vem sendo muito estudada por cientistas que buscam inibir sua interação com a ACE2 e com isso impedir a entrada do vírus na célula. 

Saiba mais sobre proteínas nesse texto. Visualize como um cientista a interação da proteína SPIKE com a proteína humana ACE2 neste link da UOL.

8 – Cepa

O termo cepa é utilizado para se referir a diferentes estirpes, linhagens ou subtipos de um mesmo vírus. As diferentes cepas de um vírus podem surgir devido a mutações naturais em seu material genético, deixando-os mais ou menos infecciosos, por exemplo. 

Leia exemplos de notícias sobre cepas de coronavírus aqui e aqui.

9 – PCR

O termo PCR tem aparecido em notícias  sobre o método de diagnóstico molecular da COVID-19. Esse tipo de diagnóstico identifica a presença do RNA do SARS-CoV-2 em materiais como esfregaços (swabs) de  nasofaringe, nasal ou outras amostras. 

A presença de RNA é quantificada por meio da técnica de PCR, na verdade da variação da técnica chamada RT-PCR. Essa sigla vem do inglês e significa Reação em Cadeia da Polimerase – Transcriptase Reversa (Reverse transcriptase – polimerase chain reaction) que é uma técnica realizada em microtubos ou placas dentro de um equipamento onde acontece a síntese (ou amplificação) de cópias do material genético. E no caso de RNA viral, a enzima utilizada para fazer o início da reação é a transcriptase reversa (RT), que transforma o DNA em RNA. Essa etapa é necessária, pois os equipamentos que dispomos fazem a leitura do resultado apenas em forma de DNA.

Para saber mais sobre como funciona esse método de diagnostico molecular baseado em PCR leia este texto sobre as técnicas de diagnóstico de COVID-19.

10 – Anticorpos

A palavra anticorpos pode aparecer na explicação dos testes rápidos de diagnóstico COVID-19, na forma de tratamento em estudos que utilizam anticorpos de pessoas curadas de COVID-19 ou produzido em laboratório. Mas o que são anticorpos?

Anticorpos são um tipo de proteína produzido pelo sistema imune após a pessoa entrar em contato com um vírus ou bactéria (ou outro tipo de agente patogênico). Existem diferentes tipos de anticorpos, os mais falados no caso da COVID-19 são o IgG e o IgM. O IgM é um anticorpo de resposta primária e é produzido assim que o corpo entra em contato com o vírus. Já o IgG é um anticorpo de memória e é produzido depois de um certo tempo.  Os testes rápidos de diagnóstico se baseiam na presença desses anticorpos para aferir se a pessoa já “pegou” o coronavírus.

E como a função dos anticorpos no corpo humano é ajudar o sistema imune no combate a infecções, um tratamento muito promissor, mas ainda em estudo, para tratar pacientes de COVID-19 é o uso de anticorpos para o vírus SARS-CoV-2 provenientes de pacientes curados ou produzidos em larga escala em laboratório.

Para saber mais sobre anticorpos, acesse o site da FioCruz, Sobre o teste rápido de diagnóstico, acesse nosso texto sobre as  técnicas de diagnóstico de COVID-19.

11 – Crescimento exponencial

O termo crescimento exponencial sempre aparece quando é falado do aumento do número de casos de infectados. Existe uma fórmula matemática para descrever crescimento exponencial (f(x)=aX), mas não precisamos entrar em detalhes aqui. Basta entender que normalmente estamos acostumados a ver gráficos ou interpretar aumentos que ocorrem de maneira linear, ou seja, com o passar do tempo são somados mais itens, por exemplo no caso de número de pessoas que nascem por ano.

No caso de infecções virais ocorre um crescimento exponencial de infectados pois uma pessoa pode transmitir o vírus para, por exemplo, três pessoas que pode transmitir para mais outras três. Nesse caso, o número de infectados que começa baixo, pode dobrar ou triplicar de tamanho em poucos dias

Para saber mais sobre a matemática do crescimento exponencial acesse o link do Guia do Estudante. 

12 – Achatamento da curva

Muito se tem falado sobre a utilização do distanciamento social para achatar a curva dos casos infectados. Como falado no tópico de crescimento exponencial, no caso de infecções virais, o número de casos pode aumentar muito rápido em pouco tempo, o que graficamente é representado por um pico alto e estreito. No entanto, se muitas pessoas ficam doentes e precisam de atendimento médico ao mesmo tempo, ocorre uma sobrecarga do sistema hospitalar, pois o número de leitos existentes nos hospitais é constante e não dá conta de atender a muitos pacientes de uma só vez. 

Por isso, as medidas de distanciamento social são importantes para reduzir a rapidez de crescimento do número de infectados ao longo do tempo, o que graficamente é representado por um morro baixo que se  estende pelo eixo do tempo. Com menos pessoas doentes ao mesmo tempo, o sistema hospitalar consegue atender a todos. 

Esquema indicando em vermelho como seria o aumento do número de casos sem medidas de contenção da infecção: em pouco tempo há um grande aumento do número de casos. A linha tracejada indica a capacidade do sistema de saúde, ou seja, o número de leitos disponíveis pelo sistema. Observe que no caso da curva vermelha, um grande número de casos está acima da capacidade do sistema de saúde, indicando que esses pacientes não receberiam atendimento médico. A curva azul indica o número de casos ao longo do tempo que pode ocorrer com transmissão controlada através de medidas de distanciamento social e de higiene. Nesse caso, poucas pessoas ficam doentes ao mesmo tempo, permitindo que o sistema de saúde consiga atender a todos. Fonte: Guia do estudante


13 – Portador assintomático

No caso da COVID-19, grande parte das pessoas acaba se infectando com o vírus mas não manifesta nenhum sintoma, são os chamados portadores assintomáticos. O grande problema é que mesmo sem apresentar sintomas, essas pessoas podem transmitir o vírus, contribuindo para o aumento rápido do número de casos e aumento do número de pacientes apresentando sintomas graves e necessitando de internação. Para garantir que você não transmita o vírus sem saber que está infectado, use máscara quando precisar sair de casa e mantenha o distanciamento social. 

Para saber mais sobre portadores assintomáticos e a transmissão do vírus leia esse texto e essa notícia.

Com esse dicionário de termos científicos de COVID-19 agora ficou mais fácil de entender as notícias e como o vírus funciona, não é? Siga as redes sociais do Profissão Biotec para ficar sempre por dentro das novidades sobre o novo coronavírus e sobre biotecnologia!

Texto revisado por Priscila Esteves e Bruna Lopes
Referências:
BBC Brasil. Por que o coronavírus agora se chama covid-19 e como esses nomes são criados?. 11/02/2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51469829>. Acesso em 07/05/2020

De Tilt, Coronavírus já se transformou em 30 cepas, dizem cientistas chineses. UOL, Ciência. 23/04/2020. Disponível em: <https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/04/23/o-coronavirus-ja-se-transformou-em-30-cepas-dizem-cientistas-chineses.htm> Acesso em 07/05/2020 

Galbraith e Stanway, Cientistas Chieneses descobrem duas cepas diferentes de coronavírus. Estadão, Saúde. 18/03/2020. Disponível em: <https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,cientistas-chineses-descobrem-duas-cepas-diferentes-de-coronavirus,70003237962> . Acesso em 07/05/2020

Mandelbaum, Ryian. Cientistas criam imagem que mostra como o coronavírus se conecta às células humanas. UOL, Gizmodo. 05/03/2020. Disponível em: <https://gizmodo.uol.com.br/coronavirus-imagem-conexao-celulas-humanas/> Acesso em 07/05/2020

Tim Loh, Bloomberg. Cientistas criam anticorpo que vence o novo coronavírus em laboratório. Valor. Disponível em: <https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/05/04/cientistas-criam-anticorpo-que-vence-o-novo-coronavirus-em-laboratorio.ghtml>/ Acesso em: 04/05/2020

World Health Organization. Naming the coronavirus disease (COVID-19) and the virus that causes it. Disponível em <https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/technical-guidance/naming-the-coronavirus-disease-(covid-2019)-and-the-virus-that-causes-it> Acesso em 07/05/2020

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