O mundo e o mercado de trabalho estão mudando rapidamente e, com isso, diplomas, títulos, cursos de idiomas, horas e mais horas de bancada não são mais garantias de emprego ou reconhecimento profissional. Apesar de uma formação técnica de qualidade ser imprescindível para o sucesso profissional de biotecnologistas, as soft skills são grandes diferenciais tanto no mercado de trabalho quanto na academia.
Mas afinal, o que são soft skills?
De acordo com Daniel Goleman, psicólogo especialista em inteligência emocional, as soft skills são traços e comportamentos que caracterizam nossos relacionamentos com os outros.
Sabemos que durante a formação acadêmica, os biotecnologistas e demais profissionais enfrentam muitos desafios e cobranças do ambiente de trabalho. Por esse motivo, é natural que algumas vezes o laboratório se torne sua segunda casa e, os colegas, sua família.
Não há nada de errado nisso, mas é importante refletir como as extensas horas de bancada e leitura estão contribuindo para além de sua formação técnica pois, segundo Goleman, as soft skills distinguem profissionais brilhantes da média. Habilidades como resiliência, comunicação, empatia e colaboração, são baseadas em inteligência emocional de cada indivíduo e são essenciais para mantermos o foco, motivação e colaborarmos positivamente para o ambiente que estamos inserido.
“Conforme as estruturas organizacionais evoluem e a globalização acelera, essas soft skills serão mais cruciais que nunca”, diz Goleman.
Portanto, é fácil perceber que os profissionais formados e em formação precisam ser completos. Essa exigência vale para os profissionais que almejam o mercado de trabalho e também para aqueles que desejam seguir carreira acadêmica. Embora na carreira acadêmica, principalmente no setor público, não exista uma pressão externa tão intensa – a ponto de ameaçar seu emprego ou posição – sobre o desenvolvimento de soft skills, certamente aqueles profissionais que as tiverem bem desenvolvidas serão diferenciados, tanto pela forma como são vistos, como pelos seus resultados e influência. Diante disso, fica clara a importância de focar não somente em seu projeto ou trabalho, mas também em seu autodesenvolvimento e autoconhecimento.
Confira habilidades importantes para você ser um biotecnologista acima da média:
- Comunicação: em geral, muitos que escolheram cursar biotecnologia (e cursos afins) se identificam com as frases “sou mais introvertido” ou “não quero trabalhar diretamente com o público”. Se este é seu caso, sugiro iniciar uma mudança de mentalidade, pois comunicação efetiva é uma soft skill necessária para qualquer profissional. Por mais técnico que seja seu trabalho, em algum momento será necessário escrever e-mails e resumos, negociar com fornecedores ou comunicar ideias a diferentes públicos.
Falando nisso, saber se comunicar com diferentes audiências aumenta o impacto e visibilidade de seu trabalho e, no caso de pessoas que trabalham em empresas, facilita muito a colaboração com profissionais de diferentes setores, como marketing e vendas. Uma comunicação efetiva mantém todos alinhados, garante que a mensagem foi transmitida de forma clara e diminui as chances de frustração.
- Capacidade de trabalhar em grupo: muitos imaginam que o estereótipo de um cientista/pesquisador é aquela pessoa solitária e intelectual. Porém, sabemos que eles estão completamente enganados! Tanto no mercado de trabalho quanto na academia, saber trabalhar em grupo é essencial, inclusive com pessoas de áreas e opiniões muito diferentes das suas (nessas situações, saber se comunicar efetivamente ajuda muito, como mencionado acima). Portanto, acostume-se com conflitos, esteja aberto a novas ideias e sempre esteja disposto a colaborar e aprender com as diferenças.
- Adaptabilidade: o setor de biotecnologia é altamente dinâmico, está sempre se transformando. O que era prioridade hoje, pode deixar de ser em breve. Portanto, ser adaptável (e estar sempre antenado nas mudanças!) aumenta muito suas chances de sucesso na área.
- Resiliência: quem já trabalhou em laboratórios sabe muito bem o quão frustrante é um experimento que não funciona ou uma ideia que não se confirma. Em empresas, aquele cliente que não finaliza a compra ou desiste do contrato também causa desconforto. Nesses casos, ter resiliência ajuda a manter o foco e a motivação. Então, que tal aprender com as adversidades e não se abalar por elas?
Essas são apenas algumas importantes soft skills dentre várias outras e, como podemos perceber, elas estão relacionadas entre si. Por esse motivo, o desenvolvimento de soft skills melhora não apenas sua relação interpessoal no trabalho, mas transforma suas relações pessoais e consigo mesmo. É o começo de uma mudança de mentalidade muito positiva.
Como desenvolver soft skills?
Fuja da sua zona de conforto! Por meio de desafios os indivíduos se desenvolvem e se tornam cada vez melhores. Confira algumas atividades que podem ajudar nesse sentido:
- Fazer um trabalho voluntário (em uma área bem diferente!) aumenta substancialmente sua visão de mundo. Em suas atividades, você certamente irá interagir com pessoas muito diferentes de você, o que pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades como comunicação e trabalho em grupo. Além de ser uma atividade muito bem vista por recrutadores, o voluntariado ajuda ver o mundo fora de sua bolha e isso gera questionamento sobre valores, propósito e escolhas. Algumas opções: AIESEC, Enactus, Engenheiros sem Fronteiras, ONGs municipais do seu interesse, banco de cadastro de voluntários.
- Esportes e atividades culturais, invariavelmente, exigem um excelente trabalho em grupo para a conquista de bons resultados. Essas atividades contribuem, ainda, para o desenvolvimento de adaptabilidade, comunicação e resiliência (além de liderança, principalmente no caso de esportes). Algumas opções: faça parte da atlética do seu curso, participe de times do esporte que mais te agrada, entre em um grupo de teatro.
- Intercâmbio: morar ou estudar em outro país com pessoas, cultura e língua totalmente diferentes é um desafio e tanto! Neste caso, adaptabilidade é uma questão de sobrevivência. Além disso, é inevitável, você terá que resolver alguns “perrengues”. Portanto, prepare-se para desenvolver muita resiliência!
Algumas opções: bolsas de estudo de outros países (acesse Partiu Intercâmbio e fique por dentro), trabalho voluntário ou corporativo (AIESEC), cursos de idiomas.
Por fim, podemos perceber que o desenvolvimento de soft skills é necessário para que você tenha uma carreira de sucesso, seja no mercado de trabalho ou na academia. Conte-nos nos comentários quais outras habilidades e atividades você julga importantes em um profissional acima da média!
Referências:
Frost, Aja. Three skills you need to succeed in the biotech industry. BioSpace. Disponível em: <https://www.biospace.com/article/releases/3-skills-you-need-to-succeed-in-the-biotech-industry-/>
Goleman, Daniel. Help young talent develop a professional mindset. Disponível em: <http://www.danielgoleman.info/daniel-goleman-help-young-talent-develop-a-professional-mindset/>
Na Prática. O que são soft skills e como desenvolvê-las para crescer na carreira. Disponível em: <https://www.napratica.org.br/como-desenvolver-soft-skills/>
Smaglik, Paul. Getting better at biotech. Nature. Disponível em: <https://www.nature.com/naturejobs/science/articles/10.1038/nj7293-1394a>
SMR Group LTDA. 6 Soft Skills That Are Highly Valued in Biotech Candidates. Disponível em: <http://www.smrgroupltd.com/2017/02/03/marketing-sales-skills-6-soft-skills-highly-valued-biotech-candidates/>
Toyama, Claudio. How Biotech And Technology Companies Can Increase Their Competitive Advantage. Forbes. Disponível em: <https://www.forbes.com/sites/forbescoachescouncil/2017/11/09/how-biotech-and-technology-companies-can-increase-their-competitive-advantage/#128749a74433>
