Provavelmente vocês já devem ter ouvido que doenças que já foram consideradas erradicadas estão retornando… Fazendo referência ao filme “A volta dos que não foram”, o qual retrata a vida de escravos que voltam ao seu vilarejo antes de partir devido a uma viagem no tempo e surgem algumas dúvidas: será que eles realmente foram embora do local? Se sim, por que voltaram? Se não, onde estavam? Bom, sobre o filme, vocês terão que assistir para descobrir, mas sobre as doenças erradicadas, já adianto que a resposta é sim, elas foram e agora estão voltando com tudo e o motivo é a falta de vacinação.
No último texto do profissão biotec sobre o assunto: “Vacinação: verdade ou fake news?” são apresentados dados alarmantes, que retratam os impactos negativos de um movimento crescente contra a vacinação na população brasileira. Infelizmente, esse movimento é muito estimulado por informações erradas e mitos sobre a vacinação que circulam em redes sociais. Seja em grupos do Whatsapp, Facebook ou publicações no Twitter e Instagram a mesma frase se repete: “Não vacinei meu filho e ele está saudável!” O que parte da população não sabe é que a desinformação é responsável pelo caos que estamos vivendo na área de imunização.
O retorno das doenças
Países Europeus como Grécia, Reino Unido e República Checa tiveram novos casos de sarampo em 2018, saindo da lista de países livres do sarampo. A OMS registrou mais de 89 mil casos da doença na Europa nos primeiros meses de 2019, valor que dobrou comparado ao mesmo período em 2018.
A Europa não foi a única a ser atingida, outra potência mundial a ser atingida pela volta do sarampo foi o Estados Unidos. O país registrou mais de mil casos em 2019, considerado o pior surto de sarampo no país desde 1992 e, segundo os chefes de estado, a causa principal desse surto foi o movimento antivacinação.
Em 2019 o Brasil também saiu da lista de países livres do Sarampo, doença que pode ser evitada por meio da vacina tetra viral, que protege também contra a caxumba e rubéola, a qual está disponível nas Unidades de Saúde da Família e na rede particular em todo o país. A cidade de São Paulo teve a maior taxa de casos registrados em 2019, tendo um aumento de mais de 400 casos no mês de agosto, como podemos ver no gráfico abaixo.
O sarampo é uma doença contagiosa causada pelo vírus do sarampo, conhecido também por Measles morbillivirus. Ela se espalha pelo ar, quando espirramos, tossimos ou por meio do contato com a pele infectada. Os primeiros sintomas aparecem após 10 dias do contato com o vírus, e embora alguns pacientes possam se recuperar dentro de alguns dias ou semanas, quando pensamos na população como um todo isso é preocupante. O vírus do sarampo possuí uma taxa de letalidade entre 5 a 10%, ou seja, de cada 100 pessoas que pegam o vírus, de 5 a 10 podem vir a óbito em decorrência da doença. Quanto mais pessoas doentes, maiores os gastos do setor público com tratamento e mais frequente o vírus ficará ao longo do tempo. Essa preocupação não se trata apenas da a volta do sarampo, e sim, dá a volta de outras doenças já erradicadas, como a poliomielite, rubéola e difteria.
Mas afinal, o que é a vacina?
Vacina é uma substância produzida a partir de bactérias ou vírus (ou partes deles) inativos. Quando administrada no corpo, ela gera uma reação chamada de imunização na qual uma produção de anticorpos contra aquela substância (antígeno) será desencadeada. O texto “Desenvolvimento de novas Vacinas” mostra como o médico Edwad Jenner observou esse processo para a varíola. A imunização gera uma memória em nosso sistema imune, que fará que da próxima vez que o indivíduo vacinado entrar em contato com esse antígeno, seus anticorpos sejam ativados para combater esse intruso.
O processo de criar uma vacina é Biotecnologia pura. Esse processo se inicia no laboratório, onde o objetivo inicial é isolar (separar) o vírus ou bactéria que está causando determinada doença e visualizar como ele atua. Entendido o mecanismo de atuação e de imunização, os antígenos são produzidos em larga escala para a produção de vacinas.
Não vacinar o filho implica na minha responsabilidade social?
Sim!
O artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA fala sobre as obrigações sobre assistência médica e prevenções sobre as enfermidades, o qual no parágrafo 1º diz que é obrigatória a vacinação das crianças no casos recomendados pelas autoridades sanitárias. Diferente do Brasil, países como Canadá, Estados Unidos e Europa não tem a vacinação como obrigatória, o que agrava a situação desses locais. O que tem acontecido por lá é o reforço para a vacinação apenas contra o vírus do sarampo.
A luta de pesquisadores de todo o mundo e do governo tem sido, principalmente, combater a desinformação, as famosas fake news, que circulam nas redes sociais sobre os males que as vacinas trazem e levar conscientização à população sobre a importância de vacinar. Hoje no Brasil, estamos com o Sarampo pelas ruas novamente, e qual será a próxima doença? Poliomielite? Rubéola? Não sabemos!
O que sabemos é que por meio da vacinação essas e outras doenças podem ser evitadas. Afinal, a criança não vacinada de hoje pode se tornar o adulto doente de amanhã.
E ai? Você está com a caderneta de vacinação em dia? Se não, corre e atualiza.
Ah, também não se esqueça de compartilhar essas informações com os amigos e vista a camisa pela vacinação. O planeta agradece!