Biotecnologia, Blog do Profissão Biotec (ISSN 2675-6013), V.8 (2021) do Blog do Profissão Biotec, x_Elaine Latocheski

Oito ferramentas gratuitas para a produção de gráficos impactantes

26/10/2021

Conheça oito ferramentas gratuitas para selecionar os tipos adequados, produzir e tornar seus gráficos mais acessíveis e impactantes.

Seja na vida acadêmica ou profissional, você provavelmente já precisou (ou precisará) produzir algum tipo de gráfico. Utilizados em relatórios, publicações científicas, apresentações de negócios ou trabalhos acadêmicos, gráficos são ferramentas úteis para dar sentido a um conjunto de dados abstratos.

Somos programados para perceber padrões e tendências, e os gráficos, se bem apresentados, podem condensar informação e facilitar a compreensão sobre conceitos e fenômenos complexos. Além disso, gráficos não são apenas imagens que resumem dados, mas sim narrativas visuais. Quando combinados a outros recursos, como textos e imagens, gráficos podem contar histórias poderosas.

Por isso, dada a sua importância como recurso para a disseminação do conhecimento, apresentamos neste texto uma lista de ferramentas para auxiliar na escolha, produção e acessibilidade de gráficos.

A escolha do tipo de gráfico

Esta etapa é crucial para garantir que a história contada por meio do gráfico esteja correta. A má escolha do tipo de gráfico pode até mesmo levar a interpretações errôneas da informação apresentada.

Exemplos de gráficos de “pizza” e “barra”. A escolha inadequada do modelo de gráfico pode prejudicar a interpretação dos dados. No exemplo, são apresentados os famigerados gráficos de “pizza”. Ao olhar para os três gráficos superiores, você consegue dizer, rapidamente, qual segmento (a, b, c, d ou e) representa a maior fração em cada um deles? Provavelmente, não, afinal seres humanos são ruins na “leitura” de ângulos similares. Compare, agora, aos gráficos de barras, que representam os mesmos conjuntos de dados. A interpretação dos dados fica mais fácil, não? É este o poder da escolha do melhor modelo de gráfico. Fonte: modificado de From Data to Viz. **#ParaTodosVerem:** na parte superior da figura são apresentados três gráficos de “pizza”, em formato circular, cada um subdividido em cinco partes nas cores amarelo,verde claro, verde escuro, azul e roxo. Abaixo, há três gráficos de barras, cada um representando os mesmos dados dos gráficos de “pizza” e nas mesmas cores, para comparação.

Felizmente, há plataformas que ajudam a selecionar o modelo de gráfico de acordo com o formato dos dados ou da função desejada:

1 – From Data to Viz

O ‘From Data to Viz’ apresenta uma árvore decisória. A partir do formato do conjunto de dados, é possível conhecer os tipos mais apropriados de gráficos para representá-los. A plataforma disponibiliza ainda uma coleção de erros comuns na elaboração de gráficos e está disponível em inglês.

2 – Data Viz Project

O ‘Data Viz Project’ conta com grande variedade de modelos de gráficos. Na plataforma, disponível em inglês, é possível escolher o mais apropriado selecionando por família, formato dos dados, função ou forma desejada para o gráfico. Ao selecionar um tipo específico de gráfico, são mostrados exemplos, o que é interessante para quem está buscando ideias ou inspiração.

Plataformas para produção de gráficos

Depois da escolha do tipo mais adequado, é hora de botar a mão na massa e produzir o gráfico que representará os dados. Além dos programas que demandam licença e que são comumente utilizados para análise e visualização de dados (por exemplo, Microsoft Excel e OriginLab®), há plataformas que oferecem inúmeros recursos gratuitamente, como veremos a seguir.

3 – Google Docs/Google Planilhas

A interface do ‘Google Planilhas’ é similar à do Excel, o que torna sua utilização mais fácil para quem já está acostumado a este último. Apesar da customização limitada dos gráficos e da necessidade da criação de uma conta associada aos Serviços Google, o ‘Google Planilhas’ apresenta vantagens como a possibilidade de colaboração e edição simultânea dos arquivos e a disponibilidade em português.

4 – R

O ‘R’ é um sistema de computação livre e gratuito para análises e visualização de dados. É possível produzir uma grande variedade de gráficos utilizando o ambiente de programação do ‘R’. Os gráficos são totalmente customizáveis. O sistema está disponível em inglês e requer instalação.

Apesar da versatilidade, o ‘R’ exige algum conhecimento em programação, pois a análise de dados e produção de gráficos dependem de scripts escritos pelo próprio usuário. Porém, há diversas comunidades e recursos educacionais que ensinam a utilizar o ‘R’. Na internet, é possível encontrar livros, tutoriais e cursos inteiramente voltados para a visualização de dados utilizando o ‘R’, alguns gratuitos.

Mapa representativo da previsão de temperaturas, atual e em 2050, para o estado do Paraná.No início, o ‘R’ pode parecer complicado e assustador. Porém, depois que se tem uma amostra das possibilidades que ele permite realizar, a paciência e a dedicação em aprender a utilizá-lo valem a pena. Este mapa, em que é apresentada a previsão de temperaturas para o estado do Paraná atualmente e em 2050, foi produzido como exercício para uma disciplina de manipulação e visualização de dados utilizando o ‘R’, partindo de conhecimento básico sobre programação.Os tons de azul representam áreas com temperaturas mais baixas e os tons de vermelho as áreas mais quentes. Fonte: a autora. **#ParaTodosVerem:** a figura é composta por dois mapas, que estão dispostos um ao lado do outro. Nos mapas, está representado o estado do Paraná. No primeiro mapa, à esquerda, são apresentadas as temperaturas médias atuais para a região. No segundo mapa, à direita, são apresentadas as temperaturas previstas para a região em 2050, calculadas a partir do modelo ACESS1-0, cenário RCP 8.5 e dados do WorldClim. O mapa à esquerda é dominado pela cor azul, indicativa de temperaturas mais amenas (entre 12 e 20 °C). O mapa à esquerda é dominado por tons avermelhados, indicativos de temperaturas mais elevadas (entre 21 e 27 °C).

5 – Datawrapper

Mesmo no plano básico (gratuito) do ‘Datawrapper’ é possível criar número ilimitado de gráficos. A plataforma disponibiliza alguns conjuntos de dados para que os usuários possam testar e se familiarizar com a interface, disponível em diferentes línguas (inglês, espanhol, alemão, francês, italiano e chinês). É necessário criar uma conta para download dos gráficos.

Algo interessante do ‘Datawrapper’ é, ainda, o recurso ‘colorblind check’, que permite conferir como o gráfico será visualizado por pessoas acometidas por daltonismo. Voltaremos a este assunto no próximo tópico, mas já adiantamos que esta ferramenta facilita a criação de gráficos mais acessíveis.

6 – Canva

O ‘Canva’ é uma ferramenta virtual, disponível em português, que surgiu com o intuito de tornar o design acessível a qualquer pessoa.

Além das ferramentas próprias para a criação de gráficos, o ‘Canva’ disponibiliza centenas de fotografias e ícones de uso gratuito, o que possibilita incrementar as produções e adicionar informação textual ou visual que facilite a interpretação dos dados. Para isso, basta a criação de uma conta gratuita.

Aliás, se quiser se inspirar e conhecer as possibilidades do ‘Canva’, confira os infográficos produzidos pelo Profissão Biotec.

Escolha de cores: não é só questão de estética!

Sabia que algumas combinações de cores, quando aplicadas a gráficos, podem distorcer a informação ou mesmo serem ilegíveis para pessoas afetadas por daltonismo? Felizmente, várias cartelas de cores vêm sendo desenvolvidas para contornar essas limitações. Estes mapas de cores minimizam distorções na apresentação dos dados e são acessíveis para pessoas que apresentam problemas de visão.

Exemplo de cartelas de cores que podem ser usadas em gráficos para torná-los mais acessíveis. Para tornar gráficos ‘amigáveis’ para pessoas afetadas por algum tipo de daltonismo, procure utilizar cartelas de cores desenvolvidas especialmente para facilitar o acesso à informação visual, como as apresentadas na figura (*viridis*, *cividis*, *kry*, *thermal* e *batlow*) e suas variações. É possível até mesmo fazer *download* destas cartelas e aplicá-las em programas de análise e visualização de dados, como o ‘R’. Fonte: traduzido de Crameri, Shephard e Heron (2020)
**#PraTodosVerem:** no diagrama, são apresentadas e comparadas cartelas de cores. Na primeira coluna, estão dispostos retângulos que representam cada cartela, sendo elas: *viridis*, *cividis, kry*, *thermal*, *batlow* e *jet*. Nas três colunas à direita, são apresentadas representações de como cada cartela é vista por pessoas acometidas por diferentes tipos de daltonismo, nesta ordem: deuteranopia, protanopia e tritanopia. Na última coluna à direita, são representadas as cartelas vistas por pessoas acometidas por cegueira de cores. Ao lado desta última coluna, são indicadas, por um símbolo, as cartelas amigáveis para daltônicos, que são: *viridis*, *cividis*, *kry*, *thermal* e *batlow*. Ao lado da linha correspondente à cartela *jet*, há um símbolo de “X”, indicativo que esta cartela não pode ser visualizada adequadamente por pessoas acometidas por daltonismo.

As cores também têm papel fundamental para a produção de gráficos bonitos (por que não?) e impactantes. Neste sentido, há ferramentas que facilitam a escolha e combinação de cores:

7 – HTML Color Codes

O ‘HTML Color Codes’ é o paraíso das cores. A ferramenta ‘color picker’, disponível na plataforma, permite realizar, literalmente, milhões de combinações entre cores. Basta selecionar uma cor inicial e a ferramenta apresenta combinações harmônicas produzidas a partir dela. Os códigos das cores são disponibilizados para que possam ser utilizados em programas para a produção de gráficos. A plataforma está disponível em inglês, espanhol, francês ou chinês.

8 – Color Hunt

O ‘Color Hunt’ é uma coleção de paletas de cores. Embora qualquer pessoa possa criar paletas e adicioná-las à página, as combinações de cores passam por curadoria antes de serem disponibilizadas publicamente. É uma boa ferramenta para quem está buscando inspiração para escolher cores para gráficos e quer acertar na composição. A plataforma está disponível em inglês.

A paleta, disponível no Color Hunt, com o maior número de curtidas dos últimos cinco anos. Fonte: Color Hunt. : grafite, cinza escuro, azul claro e cinza claro.

Bônus: a visualização de dados também pode ser Arte!

Dados não são insumo apenas para gráficos, mas também para obras de arte. Um exemplo desta aplicação é o Data to Art, projeto de Yan Holtz, especialista em análise e visualização de dados. Vale a pena conferir a exposição virtual, que reúne imagens produzidas a partir do processamento de diversos conjuntos de dados.

Ferramentas de visualização de dados também podem ser aplicadas para a criação de obras artísticas. Fonte: Data to Art/Yan Holtz. **#ParaTodosVerem:** a ilustração é composta por formas geométricas tridimensionais predominantemente triangulares em diversas cores. A ilustração foi produzida a partir da sobreposição e estilização de gráficos de área.

Gráficos são recursos fundamentais para contar histórias a partir de um conjunto de dados. Felizmente, há muitas ferramentas para nos auxiliar na produção de gráficos, e a lista apresentada neste texto é apenas uma pequena amostra da variedade de opções disponíveis. Outras ferramentas certamente serão desenvolvidas e, assim, navegaremos com mais facilidade neste mundo rico em complexidade e sujeito a um fluxo incessante de informações.

Texto revisado por Bianca Martins e Bruna Lopes

Cite este artigo:
LATOCHESKI, E. Oito ferramentas gratuitas para a produção de gráficos impactantes. Revista Blog do Profissão Biotec, v.8, 2021. Disponível:<https://profissaobiotec.com.br/oito-ferramentas-gratuitas-producao-graficos-impactantes/>. Acesso em: dd/mm/aaaa.

REFERÊNCIAS:

CRAMERI, F.; SHEPHARD, G. E.; HERON, P. J. The misuse of colour in science communication. Nature Communications, v. 11, 5444, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41467-020-19160-7. Acesso em: 28 ago. 2021.

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