Descubra como a inteligência artificial está revolucionando o desenvolvimento de vacinas! Combinando algoritmos preditivos, análise de big data e modelos, como o AlphaFold, a IA identifica alvos virais, projeta antígenos em semanas e antecipa mutações perigosas.

O amanhecer do século XXI trouxe uma notável revolução no mundo da ciência e tecnologia, onde os rápidos avanços em Inteligência Artificial (IA) e Modelos de Linguagem de Grande Escala (em inglês, Large Language Models (LLMs))impactaram profundamente inúmeros campos, incluindo o domínio crítico da medicina e biotecnologia. À medida que a comunidade científica continua a navegar pelo complexo cenário do desenvolvimento de vacinas, essas tecnologias de ponta emergiram como catalisadores promissores da inovação, prontas para revolucionar a forma como abordamos os desafios da saúde pública global.

A integração da IA e dos Modelos de Linguagem de Grande Escala no campo da vacinologia tem o potencial de impulsionar mudanças transformadoras. Essas ferramentas poderosas têm a capacidade de acelerar o processo de desenvolvimento de vacinas, otimizar o design, os testes de novas formulações e a avaliação da resposta imunológica. Ao aproveitar os vastos repositórios de dados e a natureza iterativa desses sistemas de IA, os pesquisadores agora podem explorar novas vias para o desenvolvimento de vacinas, enfrentando os desafios persistentes de tempo, custo e a natureza em constante evolução dos microrganismos patogênicos, como vírus e bactérias. 

Historicamente, o desenvolvimento de vacinas tem sido um empreendimento complexo e demorado, frequentemente repleto de obstáculos. O surgimento da pandemia de COVID-19 destacou a necessidade urgente de abordagens inovadoras para o desenvolvimento de vacinas, à medida que a comunidade científica lidava com a rápida disseminação de variantes e a necessidade de intervenções rápidas e eficazes. A integração da IA e dos Modelos de Linguagem de Grande Escala nesse cenário promete revolucionar o campo da vacinologia, oferecendo novos caminhos para superar esses desafios e abrir espaço para estratégias de desenvolvimento de vacinas mais ágeis e eficientes. 

Desafios Atuais na Vacinologia

A vacinologia tradicional, apesar de seus feitos históricos no combate a doenças como varíola e poliomielite, enfrenta desafios significativos. O desenvolvimento de uma vacina pode levar de 10 a 15 anos e demandar bilhões de dólares, passando por etapas complexas que vão da identificação de alvos antigênicos até ensaios clínicos em larga escala, com altas taxas de falha. Além disso, a constante mutação de vírus e bactérias, como observado com a gripe e a COVID-19, torna o processo ainda mais complicado, pois novas variantes podem escapar da proteção conferida por vacinas previamente desenvolvidas.

Outro grande obstáculo é a imprevisibilidade quanto à segurança e eficácia das vacinas, que muitas vezes não conseguem antecipar como diferentes populações responderão a um antígeno, como aconteceu com a vacina da dengue. Embora a pandemia de COVID-19 tenha demonstrado a possibilidade de desenvolver vacinas em tempo recorde, esse sucesso se baseou em décadas de pesquisa e em condições excepcionais de financiamento e colaboração global. Para a maioria das doenças, entretanto, alcançar esse nível de agilidade continua sendo um desafio, o que evidencia a necessidade urgente de estratégias mais rápidas e flexíveis, e é nesse cenário que a inteligência artificial se torna uma ferramenta indispensável.

IA e LLMs: O que São e Como Funcionam

Para entender como a inteligência artificial está revolucionando a vacinologia, é essencial simplificar o que há por trás de termos como machine learning (ML), deep learning e Large Language Models (LLMs): 

  • O Machine learning, ou Aprendizado de máquina,  é um sistema que aprende padrões a partir de dados, sem ser explicitamente programado. Imagine um chef que, em vez de seguir receitas, experimenta combinações e melhora seus pratos com feedbacks. Na vacinologia, ele “aprende” a reconhecer epítopos ou prever eficácia de vacinas.
  • O Deep Learning, ou aprendizado profundo, é uma subárea do machine learning que usa redes neurais artificiais inspiradas no cérebro humano. Essas redes têm “camadas” que processam informações em níveis de complexidade crescente. Por exemplo: uma camada identifica aminoácidos em uma proteína, outra reconhece sua estrutura 3D, e uma terceira prevê como o sistema imune reagirá a ela.
  • Os Large Language Models (LLMs) ou Modelos de Linguagem de Grande Escala, são modelos treinados para entender e gerar linguagem, mas com um superpoder: podem ser adaptados para “ler” a linguagem da biologia. A tecnologia GPT do ChatGPT, por exemplo, é um LLM que, quando treinado em sequências genéticas, passa a prever mutações virais ou desenhar antígenos.
Esquema simplificado do processo de Aprendizado de máquina
 Esquema simplificado do processo de Aprendizado de máquina. #ParaTodosVerem: A imagem apresenta um diagrama com as etapas do funcionamento do Machine Learning. No topo, o título “Etapas de funcionamento do Machine Learning” está destacado em roxo. Abaixo, há uma sequência linear de ícones e textos que representam as seguintes fases: “Coleta de dados” (um funil com números binários), “Pré-processamento de dados” (um documento com linhas de texto), “Divisão de dados” (um banco de dados conectado a servidores), “Escolha do algoritmo” (uma lupa analisando códigos binários) e “Treinamento do modelo” (uma rede neural conectada). Em seguida, o fluxo continua com “Avaliação do modelo” (uma lupa sobre uma rede neural), “Ajustes de parâmetros” (um ícone de engrenagem), “Implantação do modelo” (uma rede neural interconectada) e “Monitoramento e manutenção” (uma lupa analisando um gráfico). Fonte: Texto Blog “Machine Learning: o que é, como funciona e quais são os tipos de aprendizado de máquina”

O Papel da Inteligência Artificial na Vacinologia

A inteligência artificial está se tornando uma aliada indispensável na vacinologia, atuando como uma “lupa digital” para desvendar desafios que antes demandavam anos de pesquisa. Combinando poder computacional e aprendizado profundo, os algoritmos estão revolucionando 3 pilares críticos do desenvolvimento de vacinas:

  1. Identificação de alvos antigênicos

Imagine procurar uma agulha em um palheiro galáctico: vírus e bactérias possuem milhares de proteínas, mas apenas algumas regiões desencadeiam uma resposta imune eficaz, conhecidas como epítopos. É aqui que a IA brilha com seus algoritmos de redes neurais convolucionais e modelos de linguagem treinados em sequências proteicas analisam bancos de dados genômicos como GenBank e IEDB para:

  • Prever epítopos imunogênicos com base na estrutura 3D de patógenos.
  • Predição estrutural 3D de proteínas, revelando epítopos “escondidos” que humanos não detectariam.
  • Priorizar candidatos para testes laboratoriais, reduzindo tentativas e erros.

Ferramentas de bioinformática já bem estabelecidas atualmente, e que aplicam essas práticas, são o AlphaFold e o IEDB Analysis Resource, com destaque na busca por alvos em doenças como malária e HIV. No desenvolvimento de vacinas contra a malária, por exemplo, a IA identificou epítopos do parasita Plasmodium , que são estáveis em diferentes populações, algo crítico para uma vacina universal.

  1. Design racional de vacinas

Com os alvos identificados, surge o próximo desafio: criar uma vacina estável, segura e capaz de “treinar” o sistema imunológico. Aqui, o aprendizado de máquina entra em cena para:

  • Otimizar formulações, ou seja, escolher adjuvantes ideais para reforçar a resposta imune.
  • Desenhar vetores virais sintéticos com maior eficiência de entrega.
  • Prever interações moleculares entre antígenos e células humanas, evitando efeitos adversos.

Um caso de sucesso do design racional são as vacinas de mRNA, como as da COVID-19, que foram aprimoradas com modelos IA que previram a estabilidade da molécula e sua compatibilidade com nanopartículas lipídicas.

  1. Testes e modelagem computacional

Antes de chegar à fase de ensaios clínicos, a IA tem a capacidade de simular inúmeros cenários complexos em segundos, essas técnicas permitem realizar:

  • Dinâmica molecular, é a simulação de como o antígeno interage com células humanas, prevendo eficácia e riscos de efeitos colaterais.
  • Prever eficácia contra futuras variantes, ajustando fórmulas proativamente.
  • Reduzir custos ao filtrar candidatos inviáveis em estágios iniciais.

Empresas como a Moderna e a BioNTech usaram modelos preditivos para encurtar a fase pré-clínica de vacinas.

A integração Vacinas e IA

A biologia é escrita em códigos – sequências de DNA, estruturas de proteínas e interações moleculares, e a IA tem a capacidade de traduzir esses dados em  padrões estatísticos. Com algoritmos que convertem as bases do DNA (A, T, C, G) e as sequências de aminoácidos em vetores numéricos, modelos de linguagem de grande porte, como o ESM-2 da Meta AI, “leem” essas sequências como se fossem textos, identificando padrões e “palavras” biológicas, como domínios proteicos associados à virulência.

Além das sequências genéticas, algoritmos avançados, como o AlphaFold, utilizam técnicas de deep learning para prever como uma cadeia de aminoácidos se dobrará no espaço tridimensional, uma informação vital para identificar alvos vacinais. Redes neurais também simulam as interações moleculares, prevendo como antígenos se ligam a receptores imunológicos, como as células T, e, consequentemente, a eficácia de uma vacina.

Essas ferramentas funcionam como microscópios digitais, capazes de enxergar padrões em escalas e velocidades que seriam impossíveis para análises manuais. Enquanto um pesquisador poderia levar meses para examinar milhares de variantes virais, um modelo como o ESM-2 realiza essa tarefa em poucas horas, inclusive sugerindo mutações críticas a serem monitoradas. Em essência, a IA atua como um tradutor universal, convertendo a linguagem complexa da biologia em perspectivas acionáveis e oferecendo um verdadeiro mapa para desvendar os segredos dos patógenos e otimizar o desenvolvimento de vacinas.

Esquema sobre quais componentes críticos a IA e o Aprendizado de máquina exercem influência
Esquema sobre quais componentes críticos a IA e o Aprendizado de máquina exercem influência #ParaTodosVerem: A imagem apresenta um esquema destacando a aplicação da inteligência artificial e aprendizado de máquina na área da saúde. No centro, há um ícone representando redes neurais artificiais, com engrenagens e conexões simbolizando o processamento de dados. Ao redor, quatro áreas são ilustradas: no canto superior esquerdo, “Gestão de Saúde”, representada por um hospital, um profissional da saúde e uma maca hospitalar; no canto superior direito, “Diagnósticos”, simbolizado por um microscópio e uma tela com células; no canto inferior esquerdo, “Reaproveitamento de Drogas”, com uma seringa, um frasco de medicamento e equipamentos de análise laboratorial; e no canto inferior direito, “Design e Desenvolvimento de Novas Vacinas”, ilustrado por gráficos de proteínas e um espectrômetro de massa. Fonte: Adaptada de – “An amalgamation of bioinformatics and artificial intelligence for COVID-19 management: From discovery to clinic” pelo autor, a partir da plataforma Canva.

Ética e desafios na integração IA-Vacinas

A integração da inteligência artificial na vacinologia oferece oportunidades revolucionárias, mas também impõe desafios éticos críticos. Para treinar algoritmos, são necessários bancos de dados massivos com informações sensíveis, como sequências genéticas e históricos médicos, que mesmo anonimizados, podem ser re-identificados, agravando desigualdades, especialmente em países em desenvolvimento. Além disso, a falta de diversidade nos dados pode levar a viés algorítmico, fazendo com que modelos treinados em populações majoritárias apresentem menor precisão em prever respostas imunológicas de grupos sub-representados, o que impacta a eficácia das vacinas e a segurança em segmentos específicos, como gestantes e idosos.

Por outro lado, a regulação da IA na vacinologia permanece um terreno incerto, com agências como Anvisa e Food and Drug Administration (FDA) lutando para adaptar protocolos tradicionais à velocidade dos avanços tecnológicos. É essencial estabelecer padrões transparentes para a auditabilidade dos modelos, garantir supervisão humana em decisões críticas, como é a escolha de antígenos, e definir formas de responsabilização em caso de falhas. Sem um senso ético global, há o risco de que a busca por inovação se sobreponha à segurança e à equidade, comprometendo os benefícios que a IA pode trazer para a saúde pública.

Uma nova era se aproxima

A integração entre vacinologia e inteligência artificial já se apresenta como uma realidade transformadora na saúde pública, acelerando o desenvolvimento de vacinas com algoritmos que decifram epítopos em horas e simulações que antecipam pandemias, além de reduzir custos e ampliar o acesso a soluções precisas. 

Por que isso importa? A IA não substitui cientistas, mas amplifica sua capacidade de inovar. Ao integrar dados genômicos, imunológicos e epidemiológicos, ela está pavimentando o caminho para vacinas mais precisas, universais e adaptáveis – um avanço crucial em um mundo de ameaças biológicas em constante evolução.

Nesse novo cenário, o biotecnologista se torna um agente crucial na transição, precisando dominar ferramentas de bioinformática e os fundamentos da IA, bem como desenvolver uma visão crítica sobre os impactos sociais dessas tecnologias. A interdisciplinaridade é a nova moeda de valor, conectando imunologistas, cientistas de dados, engenheiros e reguladores em redes colaborativas, fundamentais para liderar a próxima geração de descobertas e transformar crises em marcos históricos.

Para a comunidade do @ProfissãoBiotec, este é um chamado à ação. Capacitar-se na análise de dados biológicos, explorar cursos em machine learning aplicado à biotecnologia e participar de debates sobre ética digital são passos de crescimento coletivo. A próxima pandemia pode estar à espreita, mas, com ferramentas poderosas nas mãos de profissionais preparados, a resposta será não apenas mais rápida, mas também mais justa. O futuro da vacinologia já começou, e ele é escrito por quem ousa unir biologia e bytes em prol da vida.

Perfil de Felipe
Texto revisado por Sthefany Lacerda e Natália Videira

Cite este artigo:
BIÃO, L. F. Inteligência Artificial no desenvolvimento de vacinas. Revista Blog do Profissão Biotec, v. 12, 2025. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/inteligencia-artificial-no-desenvolvimento-de-vacinas/>. Acesso em: dd/mm/aaaa.

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