Você conhece a Associação Brasileira de Bioinovação? A ABBI tem por objetivos fomentar e desenvolver iniciativas de inovação na área da bioeconomia no país.

Você sabia que existe uma Associação Brasileira de Bioinovação? A ABBI, criada em 2014, tem por objetivos fomentar e desenvolver iniciativas de inovação na área da bioeconomia no país. Por meio de eventos, conexões e conteúdos, a associação propõe aos membros formas de acelerar o crescimento da bioeconomia avançada no Brasil. Mas exatamente do que se trata o termo bioeconomia? E bioinovação? Qual o papel e o impacto desses ramos no Brasil e no mundo? Neste artigo vamos tentar esclarecer esses conceitos e mostrar a importância da biotecnologia dentro deles.

Bioeconomia e bioinovação

A bioeconomia trata-se de toda uma cadeia de geração de valor que utiliza de recursos biológicos renováveis como matriz de forma inovadora e sustentável. Dessa forma, está diretamente associada ao desenvolvimento sustentável e à produção industrial. Ao mesmo tempo, a bioinovação (ou seja, a inovação utilizando recursos biológicos) tem papel fundamental na bioeconomia. Por envolver áreas focadas na substituição de produtos atuais, como derivados de petróleo por derivados de açúcar, cria a necessidade de um ambiente inovador.

Observando os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU, a bioeconomia está ligada a vários deles. Os ODSs fazem parte de uma agenda internacional liderada pela ONU a ser implementada em diversos países até 2030. Em alguns desses objetivos, como os listados abaixo, podemos observar a importância da bioeconomia como ferramenta para o seu alcance:

Logo dos objetivos do desenvolvimento sustentável. Fonte: Organização das Nações Unidas.
  • “Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”; 
  • “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”;
  • “Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos”;
  • “Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação”;
  • “Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”.

E qual o papel do biotecnologista na bioeconomia? A biotecnologia industrial pode ser considerada um dos grandes pilares da bioeconomia. Nela temos a utilização de enzimas e micro-organismos para geração de produtos biológicos com a utilização de biomassa como matéria-prima.

Segundo dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), até 2030 a biotecnologia movimentará cerca de 1 trilhão de dólares por ano no mundo. Esse crescimento se dará principalmente devido a alguns fatores:

  • O crescimento populacional, que resultará na necessidade de novas formas de produção de alimentos e do abastecimento de água e energia. Nesse caso, a contribuição biotecnológica estará nas indústrias de produtos de origem renovável, na aplicação para maior produtividade na agricultura e na produção de combustíveis e energia por meio da biomassa;
  • O envelhecimento da população, que precisará de mais cuidados com a saúde. Os biofármacos e novos tratamentos biotecnológicos são fundamentais nesse setor;
  • As mudanças climáticas e geração cada vez maior de resíduos criam a necessidade de inovação na forma de produção de materiais e criação de produtos biodegradáveis. Nisto, a biotecnologia pode auxiliar na criação de produtos renováveis para substituição de materiais provenientes do petróleo.

Como a ABBI começou

A Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) foi criada em 2014 e é uma associação apartidária, sem fins lucrativos e de abrangência nacional. Tem por missão “promover um ambiente econômico, social e institucional favorável à inovação e ao desenvolvimento sustentável da bioeconomia avançada no Brasil”. 

Logo da associação. Fonte: ABBI.

Inicialmente conhecida como Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial, teve como membros fundadores as empresas Amyris, Basf, BioChemtex, BP, CTC, Dow, DSM, DuPont, GranBio, Novozymes, Raízen e Rhodia. Embora o seu nome tenha mudado para abranger e unificar todos os setores da bioeconomia, seus objetivos principais permanecem os mesmos. Entre eles, atuar como um fórum de discussão para o desenvolvimento da biotecnologia.

Papel político

O cenário político é também de extrema importância para o desenvolvimento da bioeconomia no país. Marcos regulatórios e a criação de leis para a área podem contribuir para o seu desenvolvimento ou dificultar muito seu crescimento. A criação de legislação específica para os segmentos de bioeconomia pode ser muito favorável, já que trata-se de uma área com necessidades e especificações técnicas muito diferentes das existentes, por exemplo, para o setor químico ou farmacêutico.

Nesse quesito, outros países do nosso continente encontram-se à frente. A Argentina, por exemplo, tem uma política nacional para a bioeconomia desde 2016 e o Equador investe na criação de um fundo para bioempreendimentos desde 2017 e em acordos entre governo e universidades. No Brasil, embora ainda não tenhamos uma política nacional para a bioeconomia, algumas iniciativas têm se destacado. O lançamento da frente parlamentar pela bioinovação é uma delas. A frente mista presidida pelo deputado federal Paulo Ganime tem por objetivo apoiar políticas públicas para o desenvolvimento da área. Entre suas atividades está a capacitação de políticos no tema.

Legislações e programas do governo para subáreas da bioeconomia já são mais comuns. Políticas como o RenovaBio, para a área de biocombustíveis, e as PDPs (Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo), muito utilizadas para a produção de Biofármacos, se destacam. Ainda assim, temos muito o que investir para a construção de uma política nacional. Segundo o Harvard Business Review, três grandes áreas se destacam dentro da bioeconomia brasileira e merecem consideração do governo: a biotecnologia industrial, o setor primário e o setor de saúde humana. De acordo com esse mesmo relatório, algumas ações políticas cruciais para o crescimento do setor seriam:

  • Modernizar o cenário regulatório;
  • Estimular o aumento de investimentos em pesquisa e desenvolvimento;
  • Consolidar uma base científica e tecnológica no país, assim como a expansão de nossa infraestrutura de laboratórios;
  • Estimular  o empreendedorismo e a cultura de inovação.

Com toda certeza a bioeconomia será protagonista nas relações de comércio mundial nos próximos anos. Os posicionamentos do Brasil e as estratégias para fomentar este setor hoje terão grande impacto na economia do país no futuro. É interessante ver como diversos grupos já estão engajados no setor, com envolvimento tanto da sociedade civil, quanto de empresas e grupos políticos. 

Qual o seu papel na bioeconomia? Fonte: 3D_Maennchen/Pixabay.

O papel dos profissionais de biotecnologia será fundamental para o crescimento do setor, que pode gerar um grande número de empregos na área. Cabe também a nós divulgar a biotecnologia e o profissional para que possamos ter protagonismo nessa área. E você, qual o seu papel como profissional de biotecnologia na bioeconomia? Conhece alguém que trabalha com bioinovação? Conta pra gente e compartilhe esse texto com seus colegas!

Texto revisado por Letícia Cruz e Luana Lobo

Referências:
Associação Brasileira de Bioinovação. O que fazemos. Disponível em http://www.abbi.org.br/pt/home_pt_br/. Acesso em 07 de outubro de 2019

Câmara dos deputados. Câmara lança frente parlamentar mista da bioeconomia. 2019. Disponível em  https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/ECONOMIA/578787-CAMARA-LANCA-FRENTE-PARLAMENTAR-MISTA-DA-BIOECONOMIA.html. Acesso em 07 de outubro de 2019.

Harvard Business Review. BIOECONOMY: An Agenda for Brazil. 2013. Disponível em  http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_24/2013/10/18/411/20131018135824537392u.pdf. Acesso em 07 de outubro de 2019.

Lide Multimídia. Bioinovação voltada a produtos mais sustentáveis. 2017. Disponível em  http://www.bioblog.com.br/bioinovacao-voltada-a-produtos-mais-sustentaveis/. Acesso em 07 de outubro de 2019.

NUNES, B. Brazilian Policies and Programs in BIOECONOMY. 2017. Disponível em http://www.fapesp.br/eventos/2017/6dialogue/08-11-17/15h45_Bruno_Nunes.pdf. Acesso em 07 de outubro de 2019.

RODRIGUES, M. Bioeconomia é a nova fronteira para o futuro da América Latina. Ciência e Cultura, 2018. Disponível em http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252018000400007. Acesso  em 07 de outubro de 2019.

VASCONCELOS. C. B. Biotecnologia industrial: uma importante aliada da sustentabilidade. 2018. Disponível em http://profissaobiotec.com.br/biotecnologia-industrial-uma-importante-aliada-da-sustentabilidade/. Acesso  em 07 de outubro de 2019.

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O Profissão Biotec é um coletivo de pessoas com um só propósito: apresentar o profissional de biotecnologia ao mundo. Somos formados por profissionais e estudantes voluntários atuantes nos diferentes ramos da biotecnologia em todos os cantos do Brasil e até mesmo espalhados pelo mundo.

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