Na história do Brasil, o setor do agronegócio vem se fortalecendo ano após ano, tornando-se crucial para o desenvolvimento econômico do país. Mesmo em meio à pandemia, os dados apresentados pelo setor são animadores e englobam as diferentes esferas relativas ao comércio, como a indústria de rações, defensivos agrícolas e principalmente a indústria de fertilizantes, além de corretivos de solos, que estão fortemente atreladas a nossa amada biotecnologia, entre tantas outras.
Parte do fortalecimento do setor agro no Brasil vem sendo garantido pela bioeconomia. Em 2016, o valor de venda do setor agro no país totalizou cerca de US$ 171.385 milhões e estima-se que 57% desse valor foi diretamente ocasionado pela bioeconomia (BNDES, 2017).
Neste aspecto, segundo dados publicados em agosto deste ano pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da ESALQ/USP, a indústria de fertilizantes e corretivos de solos apresenta uma perspectiva de crescimento de 6,26% em 2020. Mesmo com queda de 7,2% nos preços devido às incertezas causadas pela pandemia e ao recuo do valor do real em relação ao dólar, o aumento de 14,5% da quantidade comercializada promete impulsionar os números dessa indústria (CEPEA – Esalq/USP, 2020).
No setor de bioinsumos, os biodefensivos vem demonstrando grande impacto econômico, visto que em 2019 movimentaram R$ 675 milhões, cerca de 15% a mais do que em 2018 (CropLife Brasil, 2020). Como expectativa estima-se que o biocontrole irá representar de 20 a 50% do mercado global de defensivos agrícolas, com perspectiva de quadruplicar nos próximos 10 anos (Notícias Agrícolas, 2020).
Ainda em 2020, foi lançado Programa Nacional de Bioinsumos que possibilitará a entrada da agricultura no bionegócio. Esse programa busca consolidar e integrar a agricultura de forma mais sustentável, usando recursos biológicos e renováveis, substituindo os aditivos químicos por biológicos, por exemplo. As ações do Programa são focadas em:
- financiamento de biofábricas,
- a elaboração de um marco regulatório que incentiva a produção e uso de bioinsumos,
- criação de levantamentos e sistematizações de experiências nacionais e internacionais,
- valorização dos conhecimentos científicos e relativos à produção e uso de bioinsumos,
- entre outros tópicos que prometem alavancar a indústria no país (MAPA, 2020).
Em meio a esse cenário promissor, as empresas de biotecnologia produtoras de biodefensivos, inoculantes e similares vem ganhando mercado e notoriedade. Ainda neste ano, a AGRIVALLE, empresa que está entre as cinco maiores no mercado de bioinsumos do país e que atua em todas as linhas de bioinsumos, pesquisa & desenvolvimento (P&D) e registro de produtos, foi adquirida pela Tarpon pelo montante inicial R$ 160 milhões (Notícias Agrícolas, 2020).
Neste contexto, a Agrivalle encara com otimismo o cenário de bionegócios. Fernando Eduarda de Alves Sousa, gerente de Marketing da Agrivalle, ressalta o futuro da empresa: “será um mercado de grandes players e por isso a empresa encontrou um parceiro investidor que partilhasse dos mesmos princípios e valores e que permitirá à empresa ampliar acesso aos mercados nacional e internacional. Também irá contribuir com a capacidade de planejamento e profissionalização.”
Fernando também destacou a importância da biotecnologia para os próximos passos da empresa: “Investimentos em inovação, que envolvem também o uso de biotecnologia, se expandem à medida que este mercado cresce e se torna mais competitivo”.
Vale ressaltar que esse cenário promissor vem sendo pautado por uma gradativa mudança de cultura no agronegócio do país e avanço tecnológico dos produtos. Segundo Fernando, o crescimento do mercado de bioinsumos está atrelado ao momento vivido pela agricultura brasileira e pelo aumento da adoção de bioinsumos por parte dos produtores rurais que perceberam a crescente eficácia dos produtos. Esse evento impacta positivamente nos planos de expansão da Agrivalle, que tem como objetivo se tornar a plataforma inovadora de bioinsumos mais valiosa do mundo até 2025.
Nesse momento evidencia-se uma alavancada do bionegócio no Brasil e a biotecnologia tem parcela importante neste contexto. O Profissão Biotec destaca a oportunidade profissional, tanto para o desenvolvimento de carreira quanto para o empreendedorismo na área!
Com este texto abrimos uma série que irá abordar o desenvolvimento da bioeconomia no país. Fique ligado para os próximos e caso tenha interesse em algum assunto específico, comente aqui embaixo.