A Fiocruz é uma instituição de pesquisa brasileira de extrema importância nacional e internacional. Vamos conhecer um pouco da sua história?

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instituição pública brasileira de pesquisa e desenvolvimento de produtos biológicos que completou 121 anos esse ano! A Fiocruz possui extrema relevância e importância em diversos aspectos tanto para o Brasil, quanto para a comunidade científica global. Foram pesquisadores dessa instituição que resolveram diversas crises sanitárias, como a varíola e febre amarela, além de descrever a Doença de Chagas e produzir diversos medicamentos e vacinas para a população.

A sede está localizada no Rio de Janeiro e é constituída por 16 unidades técnico-científicas espalhadas em 10 estados brasileiros. A Fiocruz está vinculada ao Ministério da Saúde (MS) e sua atuação está pautada em “Promover a saúde e o desenvolvimento social, gerar e difundir conhecimento científico e tecnológico, ser um agente da cidadania”.

Com a pandemia de COVID-19, a Fiocruz recebeu maior visibilidade devido à parceria que estabeleceu com a Universidade de Oxford, Inglaterra, e a empresa farmacêutica AstraZeneca para a produção da vacina Covishield. A vacina contra o vírus da COVID-19 foi aprovada para uso emergencial em 17 de janeiro de 2021, e desde o começo da vacinação no Brasil tem sido aplicada na população.

 A seguir, vamos conhecer um pouco sobre a história da Fiocruz.

História da Fiocruz

O antecessor da Fiocruz, o Instituto Soroterápico Federal, foi fundado em 25 de maio de 1900, na Fazenda de Manguinhos, no Rio de Janeiro. O instituto foi criado para fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica, tendo como direção técnica o médico bacteriologista Oswaldo Cruz. E aqui, faremos um pequeno desvio no texto para falar sobre essa figura que é tão importante para a fundação e para a história sanitária do Brasil.

Oswaldo Cruz, o pioneiro sanitarista brasileiro 

Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em 1872 na cidade de São Luiz do Paraitinga (SP). Cursou medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e, devido ao seu interesse em microbiologia, foi estagiário do Instituto Pasteur, na França, a partir de 1896. Voltou ao Brasil em 1899 e foi designado para controlar o surto de peste bubônica no porto de Santos, que deu origem à instalação do Instituto Soroterápico Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), em 1900. 

Oswaldo Cruz também trabalhou no controle da varíola e da febre amarela no Rio de Janeiro e, em 1904 ele determinou a vacinação em massa da população por agentes sanitários, gerando a chamada Revolta da Vacina. A obrigatoriedade da vacinação foi suspensa pelo governo no mesmo ano devido às questões éticas, e, devido à grande promoção dos benefícios da vacinação, a população continuou procurando a vacina. A população do RJ continuou se vacinando e, em 1907, a febre amarela foi erradicada no RJ.

Entre 1905 e 1906, Oswaldo partiu em expedição para estabelecer um código sanitário no Brasil, de acordo com as regras internacionais, realizando paradas em 30 portos de norte a sul. Sua rígida e determinada postura lhe rendeu o reconhecimento internacional, recebendo a medalha de ouro no 14° Congresso de Higiene e Demografia de Berlim, na Alemanha, em 1907. Quando retornou ao Brasil, foi recebido como herói nacional e devido à sua dedicação e ao seu trabalho, em 1908, o Instituto Soroterápico Nacional foi rebatizado como Instituto Oswaldo Cruz, hoje Fundação Oswaldo Cruz.

Fotografia em preto e branco de Oswaldo Gonçalves Cruz, médico e sanitarista brasileiro. Fonte: Domínio Público/Acervo Arquivo Nacional. 

Além disso, Oswaldo Cruz também combateu a malária durante a construção da famosa Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (conhecida como ferrovia do Diabo), em Rondônia, e a febre amarela, no Pará. Em 1909, deixou seu cargo de Diretor Geral de Saúde Pública para poder se dedicar ao seu trabalho no Instituto. 

Em 1913, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e em 1916 ajudou a fundar a Academia Brasileira de Ciências. Devido aos seus problemas de saúde, deixou a instituição e se mudou para Petrópolis, onde faleceu em 11 de fevereiro de 1917 em decorrência da insuficiência renal.

Continuação da história da Fiocruz

Voltando à história da Fiocruz, em 1917, Carlos Chagas, médico e pesquisador da instituição, descreveu pela primeira vez o ciclo da doença de Chagas, reafirmando a importância nacional e internacional da mesma. Em 1937, foi inaugurado o Laboratório do Serviço Especial de Profilaxia da Febre Amarela pela Fundação Rockefeller, dentro da Fiocruz, que desde então passou a produzir a vacina para a febre amarela e, atualmente, é responsável por 80% da produção mundial da mesma.

Fotografia em preto e branco de Carlos Chagas, médico e pesquisador brasileiro. O mesmo se encontra no seu laboratório, de jaleco e sentado com uma lupa na sua frente. Fonte: Biblioteca Virtual Carlos Chagas/Wikimedia Commons. 

Além de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, outro pesquisador destacado da Fiocruz foi o sanitarista Sérgio Arouca, presidente da instituição em 1985. Arouca é reconhecido por sua liderança na construção do Sistema Único de Saúde (SUS), consultoria da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) e também, por defender o acesso de toda a população às informações científicas, mesmo no período de censura da ditadura militar no Brasil. 

Ademais, durante seu período como deputado federal, Sérgio Arouca foi autor do projeto de lei que estabelece regras para o uso de animais em pesquisas no Brasil, conhecida como Lei Arouca, e que propôs a criação do Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal (Concea). Após 12 anos de tramitação, a Lei Arouca foi aprovada em 2008.

Fotografia em preto e branco de Sérgio Arouca, sanitarista brasileiro e ex-presidente da Fiocruz. Fonte: Agência Fiocruz.

Estrutura da Fiocruz

Ao longo dos 120 anos, a infraestrutura da Fiocruz foi se modernizando e se expandindo, tanto no Rio de Janeiro, quanto para outros estados. Atualmente, é constituída por 16 unidades técnico-científicas espalhadas pelos estados do Brasil e um escritório em Maputo, capital de Moçambique, na África. Porém, a estrutura mais conhecida pela população em geral e que mais atrai a atenção é o Castelo da Fiocruz, também conhecido como Pavilhão Mourisco ou Palácio de Manguinhos.

A construção do castelo teve início em 1905 pelo arquiteto português Luis Moraes Junior, baseado em desenhos de Oswaldo Cruz. O sanitarista imaginou a estrutura do “Palácio das Ciências” baseando-se na estrutura do Instituto Pasteur, na França, e mescla referências arquitetônicas mouriscas e europeias, além de possuir azulejos portugueses e mosaicos inspirados na tapeçaria árabe. A construção foi finalizada em 1918. Aqui nesse link é possível conhecer o castelo Fiocruz através de uma passeio virtual.

Projeto definitivo do Pavilhão Mourisco de autoria de Luiz Moraes Jr, em 1908. A imagem ilustra a fachada principal da construção.. Fonte: COSTA & ANDRADE, 2020.

Hoje, o edifício mantém funções administrativas e antes da pandemia de COVID-19 estava aberta à visitação pela população em geral, integrando o circuito de visitação do Museu da Vida da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). O castelo foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1981 e, atualmente, é candidato a Patrimônio Cultural da Humanidade devido a sua importância histórica, cultural e científica.

Como parte da comemoração dos 120 anos da Fiocruz, o Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT) realizou uma pesquisa sobre como a população brasileira vê a Fiocruz. A pesquisa, que foi realizada em 12 estados brasileiros, concluiu que de acordo com os entrevistados, a Fiocruz é associada principalmente à pesquisa científica, análises, estudos sobre doenças e centro de desenvolvimento para a cura. 

E além disso, também foi muito bem avaliada em três dimensões: (i) promoção da saúde pública e desenvolvimento social; (ii) pesquisa e produção do conhecimento científico e tecnológico; (iii) e credibilidade e relevância social. Com a análise histórica da instituição, é possível observar que possui um papel fundamental desempenhado pela Fiocruz na história da ciência e da saúde pública brasileira.

Darling
Texto revisado por Bianca Chaves e Natália Videira

Cite este artigo:
LOURENÇO, D. A. A história da Fiocruz. Blog do Profissão Biotec, v.8, 2021. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/historia-da-fiocruz/>. Acesso: dd/mm/aaaa

Referências:

CASTELO: patrimônio da ciência. Fiocruz. Disponível em <https://portal.fiocruz.br/castelo-patrimonio-da-ciencia>. Acesso em 22 Maio 2021.

COSTA, Renato da Gama-Rosa; ANDRADE, Inês El-Jaick. Pavilhão Mourisco no contexto do ecletismo carioca. Hist. cienc. saude-Manguinhos,  Rio de Janeiro ,  v. 27, n. 2, p. 543-563,  jun.  2020 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702020000200543&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em  22  Maio  2021.  Epub 13-Jul-2020.  http://dx.doi.org/10.1590/s0104-59702020000200014.

FIOCRUZ. Disponível em <https://portal.fiocruz.br/fundacao>. Acesso em 08 Abr 2021.

HISTÓRIA. Fiocruz. Disponível em <https://portal.fiocruz.br/historia>. Acesso em 08 Abr 2021.

LINHA do tempo. Fiocruz. Disponível em <https://portal.fiocruz.br/linha-do-tempo>. Acesso em 08 Abr 2021.

UNIDADES e escritórios. Fiocruz. Disponível em <https://portal.fiocruz.br/unidades-e-escritorios>. Acesso em 08 Abr 2021.

Fonte imagem de destaque: Peter Ilicciev/Museu da Vida Fiocruz (http://www.museudavida.fiocruz.br/index.php/area-de-visitacao/castelo-mourisco).

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